O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira que os dados do crescimento brasileiro no primeiro trimestre mostram que o País mantém a vitalidade dos últimos anos, mas já reflete uma acomodação após os ajustes do governo.
Ele ressaltou que houve moderação do consumo das famílias e previu que o segundo trimestre terá uma expansão menor, caminhando para um crescimento mais moderado e sustentável. "Se nós olharmos um pouco mais adiante... nós vamos perceber que a economia brasieira desacelerou um pouco mais, e portanto, o segundo trimestre desse ano vai ter um crescimento menor", disse ele.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já havia afirmado mais cedo que o crescimento se encontra em um patamar "mais condizente" com o equilíbrio interno e externo. O BC decide sobre o juro na semana que vem.
Mantega afirmou também que a economia brasileira tem condições de crescer de forma sustentável a uma taxa de 4,5% a 5% nos próximos anos. Segundo ele, a expansão neste ano vai ser um pouco menor porque "este é um ano de ajuste".
O ministro descartou a adoção de mais medidas macroprudenciais sobre o crédito neste momento, dizendo que a economia já está em desaceleração. "Não há necessidade de mais medidas macroprudenciais nesse momento", afirmou.
Ele fez uma ponderação especial, no entanto, sobre medidas prudenciais que tenham relação com o capital externo. "Ainda estamos observando", afirmou. Segundo o ministro, o Brasil não tem tido o mesmo ingresso expressivo de capitais no começo do ano, mas o governo está atento à possibilidade de que a chegada de dólares aumente e valorize o real.
A principal medida macroprudencial adotada sobre o crédito pelo governo recentemente foi a elevação dos depósitos compulsórios, em dezembro do ano passado. Em março e abril, o governo concentrou esforços em barrar a entrada excessiva de capitais no país por meio da elevação de impostos.
No começo do ano, as medidas macroprudenciais eram citadas pelo Banco Central como uma das principais armas no combate à inflação. Sem conseguir frear as expectativas inflacionárias, o
BC passou a dar mais peso para a política monetária tradicional - alta de juros - em declarações recentes. Já são três altas seguidas da Selic neste ano, e a maior parte do mercado espera pelo menos mais duas.