Os ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Miriam Belchior (Planejamento) explicaram nesta quarta-feira os detalhes do pacote de desenvolvimento da região do Xingu, no Pará, afetada pela construção da hidrelétrica de Belo Monte. A tentativa do governo é combater a imagem negativa do empreendimento.

Lobão comemorou a licença da obra concedida horas antes pelo Ibama, mas não quis comentar o fato de algumas condicionantes ambientais da obra terem sido flexibilizadas.

"Nenhuma hidrelétrica do mundo foi precedida de tantos cuidados e estudos", disse ele, afirmando que Belo Monte vem sendo planejada há 35 anos.

Ao falar da liminar da Comissão de Direitos Humanos da OEA, pedindo que o governo pare a construção da usina, Lobão respondeu que "nenhum índio terá que sair de onde se encontra" e "nenhuma reserva indígena será alagada".

Ele exaltou, entretanto, o processo de rápido desenvolvimento que a região viverá. Segundo ele, será uma "revolução econômica e social" na região de Belo Monte. Ele ressaltou que a obra gerará 80 mil empregos indiretos, o que impactará todas as cidades próximas.

Entre as dificuldades apontadas por órgãos do governo estava a necessidade de infraestrutura para que a região suporte o fluxo migratório. Problemas como esse causaram conflitos que levaram à paralisação das obras de outras duas usinas, Jirau e Santo Antônio (RO).

Ele afirmou que "não haverá atrasos" e a primeira parte da obra estará em funcionamento em 2015.

Segundo Belchior, o governo prepara uma série de ações para melhorar as condições sociais no local e evitar que os impactos da obra sejam negativos às populações e ao ambiente.

Um comitê gestor irá definir prioridades para o fundo de R$ 500 milhões a serem usados no desenvolvimento regional, com construção de escolas e melhoria de infraestrutura. "Quase 20% do total da obra será utilizado para reestruturação urbana", disse ela, que citou a construção de escolas, hospitais e saneamento básico.

Ela anunciou ainda um "posto avançado" do governo na região, com a Casa do Governo Federal em Altamira.

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), que precisou mediar os problemas dos trabalhadores de Santo Antônio e Jirau, garantiu que as condições de trabalho de Belo Monte são "adequadas".

Em abril, relatório do Ibama mostrou que apenas cinco das 40 condicionantes socioambientais necessárias ao início das obras tinha sido atendidas até abril. Uma coletiva do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente está prevista para a tarde de hoje.