Alunos do Instituto Federal de Alagoas – Campus Satuba-AL desenvolvem um projeto de extensão com um alcance social muito importante para as mulheres da área rural do município de Inhapi, no alto sertão alagoano e distante 275 km de Maceió. O projeto, que tem apoio da ONG Visão Mundial, tem o objetivo de fortalecer a atividade de criação de galinhas e frango em sistema caipira, oferecendo aos jovens e mulheres do semi-árido alagoano, oportunidade para a produção com segurança alimentar e geração de emprego e renda na agricultura familiar. Como resultado, surgem várias mulheres e jovens que aperfeiçoaram ou se engajaram na criação de galinhas caipiras na região que conta com 62,57% da população no meio rural, vivendo do cultivos das lavouras para auto-sustento e da atividade pecuária.

Denominado Apoio à Autonomia Financeira e a Promoção Social de Mulheres e Jovens, o projeto de extensão é coordenado pelo técnico em Agropecuária, José Ribeiro da Silva e auxiliado pelo bolsista Antônio Miguel da Silva Silva. As atividades começaram em março deste ano com ações em oito comunidades do alto sertão, entre elas, diagnóstico junto às famílias envolvidas e a realização do 1º minicurso sobre Sistema de Criação de Galinhas e Frangos Caipiras.

Os primeiros contatos dos bolsistas e voluntários com a comunidade foi por intermédio do minicurso de criação de galinhas e frangos da especialidade caipira e, na ocasião, foram feitas explanações sobre as características do comércio local, um diagnóstico da agricultura familiar e aspectos voltados para a produção de carnes e ovos de forma sustentável por mulheres e jovens. Nesse momento, alunos trocaram experiências entre a técnica e o conhecimento empírico das comunidades durante o sistema de criação das aves. Uma das palestrantes foi a aluna Mariana Vasconcelos, do terceiro ano do ensino médio do curso técnico de Agropecuária, que expôs para as comunidades as dificuldades e o alto investimento para a criação nesse sistema. Ela explicou sobre a preservação do bem-estar animal, em virtudes das aves ficarem presas desde o primeiro dia até o abate ou descarte. A inviabilidade da criação de galinhas e frangos caipiras por pequenos criadores, devido ao alto custo, também foi abordado durante as primeiras palestras.Equipamentos como comedouros, bebedouros, gaiolas e outros encarecem o processo de criação das aves.

Outras atividades estão previstas para outubro e, nesse momento, haverá visita às famílias participantes, realização de mais dois minicursos (Manejo Nutricional e Sanitário de Galinhas e Frangos Caipiras e Planejamento Produtivo e Comercialização da Produção), além de encontros de avaliação.

Voluntários do Campus Satuba também se engajaram ao projeto, como é o caso dos servidores Ademar da Silva Paulino, Diogo de Barros Mota Melo e Manoel Santos da Silva, e dos alunos Mariana Mendonça, Hilton Felipe Ramos, Gerfesson Costa, Thalys Souza Santos, Thayse Cristina e Danilo Oliveira..

Segundo Maria Aparecida Silva, da ONG Visão Mundial, o projeto tem motivado as agricultoras e jovens a melhorarem a criação de galinhas e frangos caipiras, a fim de agregar valor à renda familiar, fortalecer a organização do grupo e promoção da segurança alimentar.

“A experiência fora dos muros do IFAL é construtiva e gratificante e possibilita a disseminação do conhecimento técnico e, na reciprocidade, temos aprendido muito com o homem do campo”, disse o aluno Gerferson Costa.

Diagnóstico

Além do projeto de extensão, os bolsistas e voluntários da ação realizaram um diagnóstico junto às famílias agricultoras e jovens inseridos no sistema de criação de galinhas caipiras e identificaram que, das 20 famílias pesquisadas, 21% são lideradas por mulheres e 94% delas são responsáveis pela criação de galinhas, Setenta e nove por cento das famílias possuem terra própria e 94% possuem propriedade com mais de seis tarefas, 63% das famílias já possuem galinheiro e 5% tem cercado para as galinhas.Quanto aos equipamentos utilizados 79% dos galinheiros possuem bebedouro, 16% das famílias possuem reservatório de água exclusivo para a criação das aves e 94% afirmaram ter reserva de alimentos. A produção de carnes e ovos atinge a 89% das famílias, mas 53% utilizam a produção para venda e consumo. O milho é o principal alimentos das galinhas e todas as famílias realizam reprodução das aves, a partir das galinhas e dos galos existentes. As enfermidades que mais acometem a criação são doenças como newcastle e broncopneunomia que são tratadas em 89% dos casos a partir das plantas medicinas como limão, alho, babosa, café e angico.

A professora Maria Aparecida Silva, da ONG Visão Mundial explicou que já foram realizadas reuniões, diagnósticos para fortalecer os processos de organização da produção e comercialização de carnes e ovos. A troca de experiência resultou no fortalecimento de técnica de manejo das aves, a partir da realidade local o que contribuiu para que as mulheres coloquem em prática as experiências adquiridas. “Foi uma aprendizagem significativa, pois não esperava que fossem tão interessante as trocas de informações entre os participantes. Espero melhorar o meu manejo de criação com intuito de estabelecer uma geração de renda para a minha família, a partir dos conhecimentos adquiridos”, disse Antonia Maria Guerra dos Santos, criadora de galinha e frango caipira.

O projeto faz parte Programa de Apoio a Projetos de Extensão (PROJET2010) do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), destinado a prestar apoio financeiro a Projetos de Extensão.