O Banco Panamericano teve lucro de R$ 76,1 milhões de janeiro a março, no primeiro trimestre sob gestão do BTG Pactual, que comprou o controle da instituição financeira após a descoberta de um rombo contábil de R$ 4,3 bilhões. O PanAmericano não apresentou os resultados dos três primeiros meses de 2010 para comparação, com a nova administração do banco reafirmando que balanços anteriores a dezembro estão comprometidos e inviabilizam qualquer análise.

Em dezembro, quando o PanAmericano ainda tinha o Grupo Silvio Santos como acionista majoritário, o banco registrou prejuízo de R$ 133,6 milhões. O índice de Basileia do Panamericano estava em 13,45%no final de março, acima dos 11% exigidos pelo Banco Central (BC).

Em dezembro, o indicador - um parâmetro de solvência dos bancos - estava negativo em 5,7%. O patrimônio líquido subiu para R$ 1,4 bilhão em março, contra cerca de R$ 19 milhões no fim de 2010. A melhora foi possível pelo último aporte feito ainda por Silvio Santos, com recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Além do BTG, o PanAmericano tem a Caixa Econômica Federal como sócia relevante, com 49% das ações ordinárias e cerca de 20% das preferenciais.

Crédito
A carteira de crédito, por sua vez, encolheu para R$ 10,2 bilhões em março, ante R$ 13,3 bilhões em dezembro. A redução ocorreu pela cessão de empréstimos totalizando R$ 3,5 bilhões, sendo 80% para o BTG Pactual e 20% para o FGC, segundo o superintendente do PanAmericano, José Luiz Acar Pedro.

"O banco ainda depende de cessão de crédito para poder seguir o seu curso normal da atividade. Ao longo do ano a gente deve continuar cedendo, mas a estratégia é cada vez mais não depender desse instrumento", afirmou Acar a jornalistas. Ainda não houve cessão de crédito para a Caixa. "Não tivemos necessidade e está dentro do acordo operacional que a gente fez com a Caixa", disse ele, sem dar mais detalhes.

O banco estatal se comprometeu a garantir liquidez de R$ 8 bilhões no PanAmericano, segundo o executivo. Os financiamentos a veículos continuarão a ser preponderantes na carteira, segundo Acar, mas o PanAmericano apostará também em áreas como "middle market". As ações do PanAmericano subiam 3,69% às 12h41, cotadas a R$ 5,62, com pequeno volume de negócios.

Histórico
Em novembro, o Grupo Silvio Santos anunciou aporte de R$ 2,5 bilhões no PanAmericano, sacados do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), por inconsistências no balanço do banco. Sob tutela de nova diretoria, foram encontrados mais problemas contábeis, fazendo com que Silvio Santos colocasse mais R$ 1,3 bilhão na instituição, antes de o empresário e apresentador vender o banco ao BTG no final de janeiro.

Além da fraude de R$ 3,8 bilhões, houve erro de lançamentos no balanço, resultando em adição de R$ 500 milhões ao passivo do banco.