Enquanto o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou nesta segunda-feira (09), que os motoristas brasileiros começariam a sentir quedas de preços da gasolina e do etanol nos postos de combustíveis, em Alagoas, o processo parece que segue em sentido contrário.

É que consumidores da capital alagoana denunciam que alguns postos começaram a reajustar o já abusivo preço da gasolina. Os aumentos variam de R$ 0,05 a R$ 0,10, o que começa a revoltar ainda mais os motoristas.

O assunto é bastante discutido pela rede social twitter. Um exemplo de aumento ocorreu no Posto de Combustíveis do Supermercado Extra, localizado no bairro do Farol. A denúncia de consumidores é de que até ontem, o litro da gasolina era comercializado por R$ 2,91. Hoje, o consumidor que quiser abastecer no local pagará R$ 2,99.

Quem seguiu o ‘novo aumento’, foi o posto localizado no bairro do Jaraguá, nas imediações da Secretária de Estado da Saúde (Sesau). Há dois dias, o litro da gasolina era vendido a R$ 2,89, mas desde ontem, o valor subiu para R$ 2,99. Um pequeno reajuste de R$ 0,10, mas significante para o bolso do consumidor.

Mas em outros postos, o consumidor já começa a sentir a queda. Na Avenida Assis Chateaubrian, no bairro do Prado, um posto de combustíveis localizado nas proximidades do Sindicato dos Jornalistas (Sindjornal), comercializa a gasolina por R$ 2,89. Pelo mesmo valor, o consumidor pode abastecer no Posto do Makro.

Fazendo um ‘passeio’ pela Avenida Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro, o consumidor não consegue encontrar o litro da gasolina por menos de R$ 3,00. A suspeita é de que o cartel nos postos esteja tomando conta da capital.

Na última sexta-feira (06) centenas de motoristas tomaram as ruas da capital em protesto contra o abusivo preço do combustível. Recebendo o nome de ‘Na Mesma Moeda’, os consumidores percorreram vários postos e abasteciam R$ 0,50 no cartão e ainda reivindicavam a nota fiscal. A manifestação foi acompanhada por representantes do Procon.

Queda no combustível

De acordo com o ministro, o movimento na queda do combustível ocorreria da seguinte forma: por causa da entressafra da cana (quando a planta está crescendo e não pode ser colhida para ir para as usinas), faltou etanol nas bombas e o preço subiu. O produto passou a ter desvantagem em relação à gasolina em quase todos os Estados, e os motoristas optaram por abastecer com o derivado do petróleo.

Essa corrida pela gasolina fez aumentar a procura e causou elevação de preços em um cenário de instabilidades políticas no Oriente Médio e países do norte da África, que estão entre os maiores produtores de petróleo do mundo.

O álcool passou de R$ 2,20 em vários postos, enquanto a gasolina podia ser encontrada por mais de R$ 3 o litro.

Em sessão na Câmara dos Deputados, Lobão afirmou nesta segunda que o país precisa investir em produção para evitar as fortes altas de preços vistas nos últimos meses.

- A partir de hoje (09) poderemos perceber nitidamente a redução do preço do etanol na bomba. O governo tomou as medidas necessárias, mas precisamos entender que esse é um mercado livre. Precisamos agora elevar drasticamente a produção para que, com o excesso de oferta, se possa ter a redução dos preços.

Em entrevista ao Portal R7 em abril, o presidente do Conselho de Administração da Cosan, maior grupo produtor de açúcar e álcool do Brasil, Rubens Ometto, lembrou que a última lavoura de cana-de-açúcar teve perdas de 10% por causa da estiagem. A alteração climática gerou perdas da ordem de 4 bilhões de litros de etanol no mercado, segundo Ometto.

De olho na falta do etanol no mercado, a presidente Dilma Rousseff assinou a MP (Medida Provisória) 532 no fim de abril, que pode reduzir de 25% para 18% a mistura de álcool na gasolina. Além disso, o governo passou ao controle da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) o poder de regular a produção, a importação, a exportação, a estocagem e a venda do etanol e de outros biocombustíveis.

Lobão afirmou que há nove anos o combustível sai das refinarias com o mesmo preço. Para ele, o aumento de preços ocorre nas distribuidoras e nos postos de gasolina. Ele admitiu, incçusive, que em alguns Estados há cartel nos postos de gasolina.

- Nitidamente está havendo cartel. Pedi que a ANP fosse ao Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] para que esse descalabro fosse resolvido.

O ministro disse que, a partir de agora, as punições para os donos de postos que formam cartéis na cobrança dos combustíveis serão rigorosas. Pode haver cobrança de multa e até o fechamento do posto.

Com R7