Uma reunião ocorrida na semana passada entre a Câmara Consultiva do Baixo São Francisco (CCR-Baixo) e representantes da Chesf, em Pão de Açúcar-AL voltou a discutir a construção de novas barragens no município, ideia que vem despertando a desconfiança da população local.

Especialistas acreditam que a obra, assim como uma Central Nuclear às margens do rio é uma projeto compensatório de impactos que a retirada de água para a Transposição vem causando ao potencial de geração de energia.

Segundo Roberto Lobo, que integra a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, a Chesf fez uma explanação do estudo, e até o fim do ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve avaliar a questão.

“Essas construções no baixo São Francisco têm ligação direta com a comunidade, por isso sugerimos que seja feito um seminário para discutir a questão de forma aprofundada. Assim como vários entidades e associações de moradores o próprio prefeito de Pão de Açúcar, que é da cidade, se mostra contrário a essas obras”, afirmou Lobo.

Ele informou que a licença ambiental para a obra é federal, mas adiantou que a secretaria não tomou nenhum posicionamento sobre a questão. “A liberação da área não deve ser feita por órgãos de Alagoas ou Sergipe. O rio São Francisco banha vários municípios, por isso é federal. Assim, quem deve emitir a licença é o Ibama”, destacou.

Já Carlos Eduardo Ribeiro Júnior, que é coordenador do CCR-Baixo e representante da ONG Canoa de Tolda explicou que pela primeira vez em 50 anos a Chesf vai promover audiências públicas sobre a construção de barragens. “Essa discussão começou em 86 quando a Usina Hidrelétrica de Xingó foi feita. Ainda vai haver audiências públicas. O local escolhido para a barragem fica acima do Cristo, de Pão de Açúcar”, explicou.

Ainda de acordo com ele, as barragens trazem benefícios, mas também impedem a vasão da água. “Tem as cheias e o rio não vai fazer seu curso normal. O comitê ainda vai tomar uma decisão oficial, mas sou contrário. A sede da nossa ONG fica em Penedo e é bom lembrar que as pessoas que moram na capital também podem ser prejudicadas com a falta de água e energia elétrica”, ressaltou.