Alagoas continua a ser destaque na lista dos Estados que apresentam mais riscos para homossexuais. São cerca de 80 crimes homofóbicos que não foram solucionados pela polícia, de acordo com um levantamento feito pelo Grupo Gay de Alagoas (GGAL).

No Nordeste, Sergipe e Bahia também registram números elevados de assassinatos, de acordo com o antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), que concedeu, por telefone, entrevista ao Cadaminuto.

Segundo o Relatório Anual sobre Assassinatos de Homossexuais no Brasil, produzido por Mott, o Brasil ainda registra os maiores índices de assassinatos contra homossexuais no mundo. Só em 2010 registrou 260 mortes (140 gays, 10 lésbicas e 10 travestis). Ele destacou que o risco de uma travesti ser assassinada no país é 800 vezes maior que nos Estados Unidos.

“Esse comparativo é feito a partir do número de habitantes de cada Estado. Em Alagoas o índice de assassinatos é maior que em todos os Estados da Região Norte. Maceió é a capital brasileira que mais oferece riscos. Este ano foram registrados nove casos. Já em Sergipe foram oito. Essa quantidade de homicídios consegue ser maior que no Rio de Janeiro e São Paulo, que tem uma população elevada”, lamentou o antropólogo.

Mott lembrou que a maioria dos inquéritos não é concluída, havendo arquivamento do caso. “Em todos os Estados há uma incapacidade da polícia solucionar esses crimes. Isso ocorre  de Norte a Sul”, ressaltou ele, que ao ser questionado sobre o que seria necessário para mudar essa situação afirmou que a Secretaria de Defesa Social de Alagoas (SEDS), Polícia Civil e o Judiciário precisam se empenhar mais para punir os culpados.

“Todas as delegacias devem incluir no Boletim de Ocorrência a pergunta sobre a orientação sexual da vítima e do autor, inclusive em casos de assassinatos, para conduzir melhor o inquérito. A investigação também precisa ser mais minuciosa e a justiça tem que ser exemplar ao punir os acusados, porque impunidade leva à pratica de novos crimes”, destacou Luiz Mott.

Ele acredita que deve haver uma delegacia especializada em crimes contra as minorias, como acontece com os casos de violência contra a mulher. “Eu não diria que deve existir uma delegacia especializada para crimes homofóbicos, porque em capitais pequenas o público pode não ser tão grande. No entanto, é necessário um delegado com uma equipe especializada para atender a esses casos”, reiterou.

Frente parlamentar

Sobre a Frente Parlamentar contra a Homofobia, idealizada pelo deputado federal Jean Willys e que conta com o apoio de vários parlamentares como a senadora Marta Suplicy, Luiz Mott ressaltou ser importante a presença dos integrantes durante a votação de projetos que beneficiem o movimento LGBT, a exemplo da união civil. “Tanto no âmbito federal, estadual e municipal é preciso empenho dos parlamentares e do movimento gay. Acho que falta mais atuação, mesmo em Brasília”, destacou o antropólogo.