O feriado de Tiradentes, dia 21 de abril, marca também a trajetória de outro ilustre mineiro. Há cinco anos, Telê Santana não resistiu a quase um mês de internação devido a uma infecção abdominal no intestino grosso, e morreu aos 74 anos. Afastado do esporte desde 1996, quando enfrentou consequências de uma isquemia, o treinador deixou ao futebol um legado de perfeccionismo, seriedade e preocupação com jogo bonito, segundo apontam seus discípulos.

"O Telê deixou muita coisa, ensinou muita coisa boa, que o futebol é arte mesmo. Era um cara que se preocupava muito com isso e com a estrutura dos clubes também", explica Muricy Ramalho, o aluno mais bem sucedido de Telê, em entrevista ao Terra.

"Ele orientava muito os atletas para terem um futuro melhor. Ele nos deixou uma coisa ética que é muito difícil no nosso meio. Era um cara muito correto e aprendi muito com ele. Como caráter deixou muita coisa boa", lembra o atual comandante do Santos, que foi assistente do ex-técnico no São Paulo.

"O Telê antes de mais nada foi um grande disciplinador. Sempre teve um trabalho muito grande no que diz respeito à parte técnica, sempre trabalhou muitos fundamentos. Ele tinha uma grande capacidade de formar grupos de jogadores", recorda Toninho Cerezo, sem clube desde que deixou o comando do Sport em 2010.

"Ele foi muito importante para mim, até como formação de caráter. Não só meu, como de um grande número de jovens treinadores que trabalharam com ele. O Telê foi um cara que sempre teve times que jogavam, buscavam a vitória. Nunca buscou mais defender do que atacar, sempre teve a característica de jogar para o ataque", comenta o ex-meio-campista, que foi jogador de Telê em Seleção Brasileira, Atlético-MG e São Paulo.

Entre os jogadores que trabalharam com Telê Santana há um bom número de atuais treinadores. Leonardo, Zico, Renato Gaúcho, Pintado e Falcão, além de Muricy e Cerezo, são alguns técnicos que foram comandados pelo mineiro em suas trajetórias como atletas.

"O 'Seu Telê' era uma daquelas pessoas que exigia muito profissionalismo, era perfeccionista sempre. Tinha como obsessão o trabalho sério, as coisas bem organizadas. Sempre cobrou muito o desenvolvimento de cada atleta, sempre trabalhou muito para isso. Fez muito cabeça de bagre jogar bem", lembra Pintado, que comandou o Linense no Campeonato Paulista.

O ex-volante, que foi jogador de Telê no São Paulo, admite que usa em seu trabalho qualidades que aprendeu com o antigo mestre, assim como Muricy. "É importante trabalhar fundamento, passe, cabeceio, chute a gol. Isso é fundamental pra que um jogador jogue bem. Tudo disso é treinamento. Eu uso muito isso", comentou o treinador do Linense.

Afastado do trabalho como técnico, o ex-goleiro Zetti, um dos pilares do São Paulo de Telê Santana, lembra que também usou os ensinamentos que aprendeu com o antigo comandante quando treinou equipes. "Eu sempre fui muito exigente, como ele era. Sempre fui de cobrar bastante a perfeição com os jogadores no treinamento, tentar arrancar o máximo", explicou.