A psicóloga Regina Brandão foi chamada por Luiz Felipe Scolari para trabalhar o elenco do Palmeiras na metade de agosto passado. Oito meses depois, com a equipe na liderança do Campeonato Paulista, o técnico faz questão de avaliar positivamente o trabalho da profissional, o qual teria contribuído com a melhora emocional e também tática do grupo de jogadores.

"Temos um grupo um pouco diferente, com uma filosofia de aceitação daquilo que é planejado por mim. Fica mais fácil trabalhar esse aspecto emocional, mais tranquilo para mim e para eles. Tudo o que foi passado desde o ano passado vai dando resultado", ressalta o treinador, antes do confronto com o Santo André pela Copa do Brasil nesta quarta-feira. "Foram trabalhadas algumas situações de erros meus e deles. Após um tempo, vai se aprendendo".

"O fato de o Felipão se incluir no trabalho (também assumir erros) é muito bacana, mostra de forma clara e objetiva que ele faz parte da equipe, que também tem o desejo de aprimorar sua forma de comando diante dos atletas. É muito comum existirem equipes boas em que a associação entre treinador e jogadores não é saudável nem produtiva, por conta apenas de uma diferença de perfis psicológicos", analisa João Ricardo Cozac, psicólogo, presidente da Associação Paulista de Psicologia do Esporte.

Na mesma época em que solicitou o trabalho de Brandão à diretoria, Felipão elegeu quatro jogadores que teriam autonomia para liderar o restante da equipe em campo: o goleiro Marcos, o zagueiro Danilo e os volantes Marcos Assunção e Edinho. A ideia é que eles representassem o treinador dentro das quatro linhas do gramado.

Quando o ano virou, Edinho teve a transação para o Fluminense facilitada, e os outros três ficaram em situações diferentes: Marcos não tem jogado por conta de lesões constantes, Danilo deixará o clube no meio do ano rumo à Udinese (Itália), e Assunção ainda não acertou a prorrogação de contrato.

"Não se conhece jogador só dentro de campo, mas no vestiário, no dia seguinte às vitórias ou derrotas. Uma série de detalhes que influenciam na saída ou chegada de jogador A, B ou C. Muitas vezes vocês não sabem porque alguém permanece ou foi negociado com outro time. Através desse estudo (mapeamento do perfil dos atletas), vejo que é melhor ter isso ou aquilo, faço minhas escolhas e arco com a responsabilidade dessa decisão", explica o técnico, sem citar nomes.

"O time melhorou não apenas no aspecto psicológico, mas a aceitação de que temos que ter certo procedimento tático, respeitando toda e qualquer equipe, independentemente se ela estiver na quinta ou segunda divisão. Isso gerou uma evolução tática muito grande. Desse jeito, na maioria dos jogos, os adversários ficam em dificuldade contra a gente", conclui Felipão.