Em uma rede social que recebe cerca de 7.000 mensagens por segundo, dizer que alguém é o mais influente do mundo é algo que pode ser verdade apenas por pouco tempo. É o que explicam especialistas em redes sociais consultados pelo R7.

Segundo eles, o potencial que um usuário tem de influenciar os demais participantes do Twitter depende mais da repercussão das mensagens do que do número de seguidores que ele tem.

No dia 24 de março, um post no blog da revista do jornal The New York Times, assinado por David Leonhardt, revelou que a pessoa mais influente do mundo no Twitter era o humorista gaúcho Rafinha Bastos, com 90 pontos.

A pesquisa foi encomendada ao serviço de pesquisas Twitalyzer, que fez as medições entre 18 de janeiro e 15 de fevereiro deste ano.

Rapidamente, uma famosa marca de celular aproveitou a influência do humorista para anunciar um aparelho criado para usuários de redes sociais, deixando outros tuiteiros tão famosos quanto ele com uma pulga atrás da orelha, querendo saber por que eles não estavam pelo menos entre os dez mais influentes do mundo, como Bastos.

Especialistas explicam que, como a informação nas redes sociais muda o tempo todo, “pode ser verdade naquele período monitorado, mas pode não ser daqui a um mês”, diz Alessandro Barbosa, executivo-chefe da E.Life, empresa que faz o monitoramento de redes sociais para empresas.

- A métrica usada [pelo Twitalyzer] não levou só em conta o número de seguidores, mas também o número de menções, de retuitadas, que teve o Rafinha Bastos. A gente não pode esquecer que existe um efeito nas redes sociais, que é o efeito multiplicador. Não é só [a influência do] o Rafinha Bastos, mas o poder que ele tem de fazer com que a mensagem seja replicada, que tem uma importância muito maior que o número de seguidores.

Medidores de popularidade

Além de os rankings de influência ou popularidade mudarem a cada momento, é possível encontrar resultados diferentes quando se faz a medição em um determinado momento em serviços diferentes.

O Twitter não publica lista com os usuários mais influentes. Isso é feito por sites independentes, já que cada um deles usa um método diferente de coleta de dados dos usuários para apresentar os resultados.

O Twitalyzer, por exemplo, leva em consideração a quantidade de mensagens postadas, número de seguidores, número de amigos, a porcentagem de tuítes republicada de outras pessoas (generosidade), quantos novos contatos o tuiteiro conseguiu após publicas algo, entre outras informações ligadas ao comportamento na rede.

Questão de cultura

No mundo do Twitter e de outras redes sociais, ninguém é “o mais influente do mundo” em categoria alguma, explica Rosana Hermann, gerente de criação e produtos do R7.

Rosana diz que dia desses fez uma experiência. Ela usou outros aplicativos de análise do Twitter, como o Klout, O Twitter Grader e o Twitalyzer, e descobriu um resultado diferente para cada um, até perceber que quanto mais estava ausente, tuitando menos, mais seu resultado caía em todos os rankings. E quando tuitava sem parar subia em todos os índices. Para ela, esses rankings dependem não só do tempo, como do espaço onde são medidos.

- Um dos problemas de se fazer uma medida mundial é que cada cultura usa o Twitter de uma forma diferente. Aqui no Brasil, por exemplo, as pessoas brincam de colocar assuntos nos Trending Topics [assuntos mais comentados em um curto espaço de tempo]. Em outros países, elas simplesmente falam sobre seus assuntos e deixam que o Twitter meça quais os que mais se destacam. Aqui, as pessoas parecem dar muito mais retuitadas nos famosos da TV do que, digamos, na Alemanha.

Quem dá uma pista importante de por que Rafinha Bastos teve tanta influência durante o período analisado pelo Twitalyzer é Edney Souza, sócio da Pólvora, empresa que cria estratégias de comunicação corporativa por mídias sociais.

- Como a gente está falando em rede, o tipo de mensagem enviada pelo Rafinha Bastos, que é humorística, ela se propaga mais, então gera uma influência maior. E influência depende de contexto. Se eu tuitar mais sobre mídias sociais, vai gerar mais repercussão entre as pessoas que trabalham e pesquisam sobre esse assunto do que se o Rafinha Bastos tuitar. Agora, se eu contar uma piada, as pessoas vão chorar, não vão rir.