O chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, disse na terça-feira que não arriscaria uma previsão de quanto tempo durará a missão militar da aliança na líbia, mas afirmou que a solução não poderá ser apenas militar.

Ele fez a declaração depois que a coalizão internacional prometeu continuar com a ação militar contra o líder líbio, Muammar Kadafi, e concordou em estabelecer um grupo de contato para coordenar os esforços políticos. Rasmussen fez um chamado para que todas as partes busquem uma solução política o mais cedo possível.

"Não vou adivinhar", disse ele quando indagado sobre quanto tempo poderá durar a missão da Otan e se poderia tornar-se um peso financeiro para os países membros da aliança, que já estão há muito tempo envolvidos no Afeganistão. "Mas, de fato, espero que busquemos uma solução política para os problemas na Líbia o mais cedo possível. Claramente, não há solução militar, apenas, para os problemas na Líbia", afirmou ele.

A Otan concordou no domingo em assumir todas as operações na Líbia que vinham sendo realizadas por uma coalizão liderada por Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, o que deixará a aliança integrada por 28 países como responsável pelos ataques aéreos que têm como alvo a infraestrutura militar de Gaddafi.

A Otan também será encarregada do mandado da ONU para impor uma zona de exclusão aérea na Líbia e o embargo à venda de armas ao país. Dirigentes da Otan dizem que seu planejamento prevê uma operação de 90 dias, mas o cronograma vai depender da ONU. "Nós estamos lá para proteger os civis de ataques, mas para conseguir uma solução sustentável de longo prazo na Líbia precisamos de um processo político. Eu pediria a todas as partes envolvidas que busquem soluções políticas o mais cedo possível", declarou Rasmussen.

Na quarta-feira, as forças da Otan vão estar com a capacidade inicial para assumir operações militares na Líbia e devem estar plenamente em operação na quinta-feira, segundo a porta-voz da aliança, Oana Lungescu.

Líbia: de protestos contra Kadafi a guerra civil e intervenção internacional
Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Mais de um mês depois, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas.

A violência dos confrontos entre as forças de Kadafi e a resistência rebelde, durante os quais milhares morreram e multidões fugiram do país, gerou a reação da comunidade internacional. Após medidas mais simbólicas que efetivas, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a instauração de uma zona de exclusão aérea no país. Menos de 48 horas depois, no dia 21 de março, começou a ofensiva da coalizão, com ataques de França, Reino Unido e Estados Unidos.