O presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou nesta sexta-feira que seu país e a Grã-Bretanha preparam uma iniciativa para obter uma solução política e diplomática na Líbia.
"Haverá uma iniciativa franco-britânica para mostrar que a solução não é somente militar, mas também política e diplomática", explicou Sarkozy em entrevista coletiva ao término da cúpula de chefes de Estado e do Governo da União Europeia (UE).
O presidente francês também garantiu que a coalizão internacional manterá o controle político de todas as operações, apesar de que a coordenação das ações militares passe para a Otan.
Sarkozy lembrou que a Otan "não pode absorver" países não membros como Catar e Emirados Árabes Unidos que participam do esforço internacional.
"Seria impossível. Faríamos um favor a (Muammar) Kadafi se dissermos que só a Otan está em campo e não há uma coalizão", opinou.
O presidente francês ressaltou que, uma vez que os EUA decidiram que não queria continuar com a coordenação técnica das operações para não ferir sensibilidades no mundo árabe, o lógico era passar esse comando para a Aliança.
"Há uma estrutura na Otan, tem a maquinaria e funciona", explicou, insistindo em que isso não representa "nenhum problema" para a França.
Para Sarkozy, os verdadeiros problemas teriam sido perder o "apoio" da Liga Árabe ou que a Europa não tivesse alcançado unidade para aplicar a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Líbia: de protestos contra Kadafi a guerra civil e intervenção internacional
Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Mais de um mês depois, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas.
A violência dos confrontos entre as forças de Kadafi e a resistência rebelde, durante os quais milhares morreram e multidões fugiram do país, gerou a reação da comunidade internacional. Após medidas mais simbólicas que efetivas, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a instauração de uma zona de exclusão aérea no país. Menos de 48 horas depois, no dia 21 de março, começou a ofensiva da coalizão, com ataques de França, Reino Unido e Estados Unidos.