Fortalecidos pelos ataques aéreos da coalizão internacional contra as forças governistas, os rebeldes da oposição lançaram nesta segunda-feira uma ofensiva para retomar a cidade estratégica de Ajdabiya, no leste do país.

Os rebeldes chegaram a sofrer ataques de tanques do ditador Muammar Gaddafi em seu reduto, Benghazi, mas viram uma reviravolta na guerra com a entrada dos aviões internacionais. Forças dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Bélgica, Espanha e Qatar bombardearam as forças de Gaddafi nos arredores de Benghazi, destruíram boa parte de seu sistema de defesa antiaérea no oeste do país e atacaram até mesmo um complexo militar próximo à casa do ditador, em Trípoli.

A mudança no equilíbrio de forças levou os rebeldes a rechaçar mais uma vez qualquer diálogo com o regime líbio para encerrar pacificamente os confrontos. O vice-presidente e porta-voz do opositor Conselho Nacional Transitório (CNT) líbio, Abdelhafid Ghoga, rejeitou ainda a convocação de uma "marcha verde" por Gaddafi, no que o ditador vislumbra como um movimento nacional do povo líbio contra a intervenção militar.

Os rebeldes reconquistaram nesta segunda-feira o controle sobre Zuwaytinah, um terminal petrolífero a cerca de 30 km de Ajdabiya e que havia sido recuperada pelas tropas de Gaddafi na semana passada, segundo o jornal "Washington Post".

Novos confrontos foram registrados também, afirma o jornal, em Misrata, o reduto rebelde mais ao oeste do país. Os rebeldes denunciaram nesta segunda-feira que as forças leais a Gaddafi trazem civis de cidades vizinhas para usá-los como escudos humanos na ofensiva.

A informação não podia ser confirmada de forma independente e não houve comentário imediato de autoridades líbias.

Um morador de Misrata disse à agência de notícias Reuters que as forças de Gaddafi também usavam roupas civis no centro da cidade, uma possível estratégia para escapar dos ataques ocidentais.

Ele disse que ainda que Misrata, localizada a 200 quilômetros a leste de Trípoli, já estava cercada por tropas pró-Gaddafi e que o abastecimento de água foi interrompido.

Em Benghazi, a segunda maior cidade líbia, um porta-voz da oposição disse que os rebeldes ainda planejam marchar para Trípoli, estratégia que havia sido evitada pela ofensiva de Gaddafi.

OFENSIVA INTERNACIONAL

Enquanto os rebeldes tentam reconquistar as principais cidades do país, aviões da coalizão internacional bombardeiam Trípoli. O céu da capital foi tomado por aviões da coalizão procedentes de bases na Itália e pelos disparos da defesas antiaérea líbia durante toda a madrugada e parte da manhã.

A Líbia é alvo há três dias da operação Aurora do Amanhecer, uma ampla ofensiva militar das forças ocidentais contra as forças de Gaddafi. A operação visa a impedir os ataques do ditador aos civis e rebeldes líbios, que pedem sua renúncia, e impor a zona de restrição aérea --medidas aprovadas na quinta-feira (17) pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

Neste domingo, um míssil da coalizão atingiu um edifício do complexo residencial de Gaddafi. O prédio, situado a cerca de 50 metros da tenda onde Gaddafi recebe geralmente seus convidados importantes, foi totalmente destruído.