Atrasos e falta de material atrapalharam o início da votação deste domingo no Haiti, no segundo turno das eleições presidenciais. Doadores internacionais esperam que o pleito possa produzir um governo estável, que leve o país à recuperação, após o terremoto do ano passado.

O início da votação na capital Porto Príncipe causou irritação e frustração entre eleitores e preocupação para a ONU e a Organização dos Estados Americanos (OEA), que buscam evitar o caos e as alegações de fraude do primeiro turno realizado em 28 novembro.

Zonas eleitorais na capital não puderam abrir no horário porque não tinham tinta, cédulas, etiquetas e, em alguns casos, as próprias urnas, segundo testemunhas. Observadores internacionais avaliam a extensão dos problemas.

Os 4,7 milhões de eleitores irão escolher entre um político novato, o cantor Michel Martelly, 50, e a ex-primeira-dama e professora Mirlande Manigat, 70. De acordo com uma última pesquisa divulgada na quinta-feira (17), Martelly, mais conhecido por seu nome artístico de "Sweet Micky", tem 53,4% das intenções de voto, contra 46,6% de Manigat, ex-primeira dama do Haiti.

O presidente René Preval fez um apelo por calma. "Espero que tudo corra bem para que possamos eleger um presidente para me substituir."

Em zonas eleitorais com a votação atrasada, eleitores protestaram e depois aplaudiram quando os materiais que faltavam chegaram.

Foram organizados 11 mil locais de votação. Os primeiros resultados serão divulgados no dia 31 deste mês, e a conclusão apenas em 16 de abril.
2º turno tem maior participação do eleitorado

O chefe da missão das Nações Unidas no Haiti, Edmond Mulet, afirmou hoje que a participação dos eleitores no segundo turno das eleições presidenciais, que ocorrem hoje (20) no país, é maior do que a registrada na primeira etapa, em novembro.

“Constatei várias mudanças em relação a 28 de novembro. A participação é mais elevada”, disse ele.

Mulet afirmou que foram registrados apenas “atrasos e pequenos problemas”. Mas, segundo ele, essas dificuldades “estão sendo resolvidas”. “As pessoas sabem que hoje é um grande dia para o Haiti. Tudo corre bem, e vai ser pacífico”, disse.
Polícia investiga incidente com cantor Wyclef Jean

A Polícia Nacional do Haiti (PNH) abriu uma investigação para averiguar o incidente protagonizado pelo cantor Wyclef Jean, que na noite de sábado teve um dos braços ferido em Porto Príncipe.

Um porta-voz de Jean, Gary Andrés, também explicou à agência Efe que o cantor levou um tiro em uma rua da cidade de Delmas quando saiu do carro para telefonar.

O rapper, ex-integrante do grupo Fugees, escutou um tiro e viu que tinha um ferimento leve no braço direito, por isso foi a um hospital de Pétionville e, segundo seu porta-voz, se encontra em bom estado.

A Polícia disse que não pode confirmar a versão, já que não dispõe de informação detalhada sobre o fato e que o comissário de Pétionville, Vanel Lacroix, não encontrou o cantor para falar sobre o acontecimento.

O porta-voz policial disse que "não foram encontradas marcas de bala no veículo" de Jean, enquanto a imprensa local não descartou que o ferimento no braço tenha sido causado por um copo, embora a Polícia também não tenha confirmado o dado.