O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), anunciou na tarde desta terça-feira a rescisão do contrato com a empresa Consilux, que opera os radares eletrônicos nas ruas da cidade. A medida foi em resposta à reportagem do Fantástico sobre o esquema de fraudes em licitações e operação destes equipamentos em diversas cidades brasileiras. Na reportagem, o diretor comercial da Consilux, Heterleu Richter Jr., afirma que é possível apagar multas e direcionar o edital de licitação. A empresa foi escolhida em 2010, como a vencedora da licitação da prefeitura de Curitiba para a operação deste sistema.

A Consilux foi uma das empresas procuradas por um repórter do programa que, fingindo ser funcionário de uma prefeitura do Rio Grande do Sul, propunha um "acordo" com as empresas para a implantação de medidor de velocidade em uma via quase sem movimento na zona rural da cidade. Mesmo antes de conhecer a rua e dispensando todos os estudos sobre a necessidade do radar (exigidos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres), as empresas iniciaram o negócio, chegando até a apresentar o edital pronto para o suposto funcionário.

Ducci fez o anúncio durante uma audiência na Câmara de Vereadores de Curitiba, marcada inicialmente para servir como apresentação do projeto do metrô curitibano. O prefeito disse que a decisão tem respaldo e precisava ser enérgica. Neste momento, a Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), empresa vinculada à prefeitura de Curitiba que administra o trânsito e o transporte coletivo da cidade, assume a operação.

Ontem, Ducci determinou a abertura de um processo administrativo para apurar as denúncias. A bancada de oposição na Câmara chegou a afirmar que iria propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para esclarecer a situação.

Após a reportagem, a Consilux emitiu uma nota afirmando que não se responsabiliza pelas declarações de seu funcionário e disse que Heterley Richter Jr. foi afastado de suas funções. A empresa disse ainda que nenhum contrato pode ser viabilizado sem a aprovação da diretoria e que "não existe possibilidade alguma de apagar multas do sistema".