Iniciada em janeiro, a alta da taxa de juros não se refletiram ainda no desempenho do comércio varejista naquele mês, segundo Reinaldo Perereira, economista do IBGE.

"Pode ser que para abril ou maio as medidas tomadas pelo governo começem a surtir efeito, mas até agora não há impacto", disse.

Um sinal de que os juros mais altos não inibem o consumo é o forte resultado do ramo de móveis e eletrodomésticos, cujas vendas subiram 2,7% de dezembro para janeiro. Sozinho, o setor respondeu por 42% da expansão de 1,2% do comércio varejista na mesma base de comparação.

O setor é um dos mais dependentes do crédito. Outra atividade que demanda financiamento para deslanchar suas vendas, a de material de escritório e informática, teve queda de 5,1% de dezembro para janeiro. Mas o resultado, diz Pereira, refelte "muito mais uma acomodação após meses sucessivos de fortes altas do que um impacto dos juros maiores."

Se a alta dos juros não teve impacto ainda no nível de atividade do comércio, as medidas macroprudenciais de contenção de crédito (como prazos mais curtos para algumas modalidades de crédito) já se traduziram em vendas menores de, ao menos, um setor: o de veículos.

As vendas do ramo caíram 7,1% de dezembro para janeiro. O resultado provocou um descompasso entre o índice do varejo do IBGE e o indicador do comércio varejista ampliado --que inclui veículos e material de construção, setores que atuam também no atacado.

O varejo ampliado registrou queda de 0,2% em janeiro na comparação livre de influências sazonais com janeiro. O ramo de veículos tem peso de 32% no índice e supera o de hiper e supermercados --31%--, setor de maior importância para o varejo tradicional (que não engloba os ramos que atuam também no atacado).

Para Pereira, o dado de janeiro mostra ainda que fraco desempenho de dezembro (alta de 0,2%) não indicava uma freada do comércio, mas apenas um acomodação.

O setor, diz, sustenta ainda um forte ritmo de crescimento graças à manutenção da alta do emprego e da renda.