Foi concluída nesta sexta-feira (11), no Centro de Formação Professor Ib Gato Falcão, no Centro de Ciências e Pesquisas Aplicadas (Cenfor/Cepa), a primeira etapa de capacitação com os professores que atuarão como alfabetizadores em acampamentos de famílias desalojadas pelas enchentes de junho de 2010. A ação é resultado de uma parceria entre a ONG Nutrir e a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEE) e tem como público-alvo as mães de família que são analfabetas funcionais, ou seja, não conseguem interpretar textos ou fazer operações matemáticas.
Por meio da cooperação entre a ONG e a Secretaria, serão executadas ações de alfabetização nos municípios de Branquinha, União dos Palmares, Murici, Santana do Mundaú, Rio Largo, São José da Laje, Quebrangulo, Paulo Jacinto, Viçosa, Cajueiro, Joaquim Gomes, Jacuípe e Capela. As aulas serão ministradas durante seis meses por professores das redes públicas estadual e municipal com experiência na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Aracê – Na ocasião, os educadores conheceram a metodologia de ensino do programa Aracê, o conjunto de políticas públicas desenvolvido pela SEE para o combate ao analfabetismo em Alagoas. O grupo terá encontros mensais onde será feito o planejamento das aulas e produção de material didático.
Alfabetizadora do município de União dos Palmares, Luciete Santos elogiou a praticidade do método, que valoriza a realidade do aluno. “O Aracê é muito prático e mais próximo da realidade do aluno, o que facilita muito o nosso trabalho”, destaca.
A superintendente de Gestão do Sistema Estadual de Ensino, Socorro Figueiredo, conta que, além de promover a capacitação dos professores, a SEE também disponibilizará o material didático. “Tanto os professores quanto os alunos serão contemplados com livros do Programa Brasil Alfabetizado. Além disso, técnicos da SEE e das coordenadorias regionais farão acompanhamento das ações”, adianta.
Cidadania – Idealizado pela nutricionista Telma Toledo, presidente da ONG Nutrir, o projeto surgiu por meio de uma pesquisa junto a famílias desalojadas no município de Branquinha. A partir deste levantamento, descobriu-se que 80,60% daquelas pessoas eram analfabetas e que o maior desejo das mulheres do acampamento era aprender a ler, o que ocasionou a parceria entre a ONG e a Secretaria de Educação. Além da alfabetização, também serão ofertados cursos de saúde e nutrição e de servente de pedreiro.
A secretária adjunta da Educação, Cícera Pinheiro, ressalta que a ação permitirá não só a qualificação educacional, mas a transformação social das mulheres que serão alfabetizadas. “A partir do momento em que alfabetizamos essas mulheres, elas terão condições de cuidar melhor de suas famílias, transformando-se em agentes multiplicadoras de ações de higiene, saúde, nutrição. E dessa forma, também promovemos a sua inserção social”, afirma.
Para Telma Toledo, a parceria será uma referência para o estado de Alagoas. “Estamos lidando com uma população de extrema pobreza e que muitas vezes nunca foi à escola e, ao motivarmos esse público, todo o Estado sai ganhando”, frisa Telma. A nutricionista conta ainda que já foi feito o cadastro das alunas que vivem em alojamentos.