Terminou às 13h30 desta sexta-feira a audiência de cinco testemunhas do caso Eloá, no Fórum de Santo André, na Grande São Paulo. Segundo o promotor Marcelo Augusto Oliveira, a amiga da vítima, Nayara Rodrigues da Silva, baleada durante a operação de resgate dos reféns e principal testemunha de acusação, reafirmou tudo o que havia afirmado na audiência anterior, em janeiro de 2009. Oliveira acredita, porém, que o novo depoimento possa levar a júri popular o acusado de matar Eloá, Lindemberg Alves Fernandes, 22 anos. A advogada de defesa contesta.
Nayara foi a primeira testemunha a ser ouvida, e pediu que o réu não estivesse presente durante sua oitiva. Em seu relato, a jovem detalhou o período em que foi mantida em cárcere privado, citando as mudanças de humor de Lindemberg. De acordo com o promotor, pouca coisa mudou em relação ao depoimento que ela deu em janeiro de 2009. "A audiência de hoje só foi realizada porque o Superior Tribunal de Justiça atendeu à defesa pelo amplo direito aos detalhes do processo", disse. No entanto, diz Oliveira, Nayara "acrescentou alguns novos detalhes, o que foi bastante satisfatório para nós. Tenho certeza que Lindemberg irá a júri popular".
A advogada de defesa, Ana Lúcia Assad, crê que ainda é cedo para afirmar se haverá júri ou não. "As testemunhas de defesa ainda terão de ser ouvidas, e o próprio Lindemberg será interrogado", disse. A audiência desta sexta-feira se realizou porque a defesa solicitou a transcrição de reportagens jornalísticas de jornais e da televisão, e Ana Lúcia afirmou que os documentos melhoraram a argumentação de defesa. "Nossa intenção é que desta vez o Lindemberg fale, o que não aconteceu na primeira oitiva, em 2009", afirmou.
Além de Nayara, prestaram depoimento Ewerton Domingos Pimentel, irmão de Eloá; Vítor Lopes de Campos e Iago Vilera de Oliveira, colegas de Eloá e Nayara que estavam dentro do apartamento quando Lindemberg chegou e foram liberados no decorrer do sequestro; e o policial militar Athos Antonio Valeriano. Os depoimentos duraram cerca de três horas. A mãe de Eloá também esteve presente, mas apenas acompanhando o filho, que prestou depoimento.
O caso
Lindemberg invadiu a casa da sua ex-namorada, no Bairro de Jardim Santo André, em Santo André (SP), numa crise de ciúmes, e manteve Eloá e alguns de seus amigos em cárcere privado. Após quase 100 horas de negociações, Eloá foi morta com dois tiros. Lindemberg afirma que o tiro que matou a jovem partiu de um disparo policial.
O réu fez Eloá refém no apartamento da família dela depois de invadir o imóvel na tarde do dia 13 de outubro de 2008. A adolescente estava no local com a amiga Nayara Rodrigues da Silva, 15 anos, e dois colegas de escola. Os meninos foram liberados naquela noite.
Nayara saiu do cativeiro no dia seguinte, após 33 horas. Ela retornou ao apartamento no dia 16 em uma tentativa de negociar com Lindemberg, mas foi capturada novamente e lá permaneceu até o desfecho do sequestro. A ação terminou com as duas meninas baleadas pelo sequestrador, em 17 de outubro.
Integrantes do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar (PM) alegam que invadiram o apartamento após terem ouvido um tiro. Eloá teve morte cerebral confirmada dois dias depois. Nayara levou um tiro no rosto e teve recuperação total.