Cícero Francisco de Brito, 55 anos. Trabalha no Instituto Federal de Alagoas desde 1995 – atualmente está no campus Arapiraca-AL. Como hobby e paixão, tem as telas em branco. Está participando do 26º Salão de Arte da Marinha com mais 119 artistas da pintura, escultura, fotografia e instalação. O evento está acontecendo no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso – o Centro de Convenções –, no bairro de Jaraguá, em Maceió, e vai até o dia 14 deste mês, das 14h às 22h.
Ele é um artista que não queria ser Chico. O nome do meio não o apraz muito, por isso que em suas obras não o assina. É somente Cícero Brito. E isso desde 1970, quando se iniciou nas aventuras de óleo sobre tela. À época, aos somente 15 anos, foi taxado como “fora de série”, representando a Escola Estadual Quintela Cavalcanti, de Arapiraca, numa gincana de artes, onde vários outros colégios competiam. Depois da descoberta do dom, a técnica.
Pegou seis meses de aula com o artista plástico José de Sá, “melhor paisagista de Alagoas”, segundo Cícero. De lá para cá, fez inúmeras exposições em locais como o saudoso Bar do Paulo, no Salão de Artes, no Mercado do Artesanato, na Casa da Cultura e na coletiva do Banco do Brasil, todos em Arapiraca, na Artnor e no Shopping Iguatemi, em Maceió, e no Festival de Música e Arte de Garanhuns-PE.
Sua inspiração vem da natureza e de artistas como Rembrandt, Vicent Van Gogh, Leonardo Da Vinci, Édourd Manet e Salvador Dali – esses dois últimos, seus maiores ídolos. “A obra de arte... Você não precisa entendê-la; basta gostar dela, senti-la”, declara Cícero Brito, parafraseando Manet (leia-se Monê). E é justamente essa a questão. Sentir as obras dele.
Suas mimeses são retratos fiéis do surrealismo bem passível de acontecer. Escreve em seus quadros matizes que mostram o futuro do planeta se não o valorizarmos, de fato. Cícero escolheu a temática ecológica só em 1991. Desde então tenta mostrar, nas palavras dele, “uma visão futurista de que a vida necessita de biodiversidade e preservação”.
Há quem pense, talvez, que ele se aproveita da situação catatônica que vivenciamos. Aquecimento global, degelo, caos no mundo cão. Mas só nessa década ouvimos falar disso. Só agora percebemos, afinal, a natureza já deu seu aviso; na verdade, vários deles. Cícero Brito conseguiu captar isso antes de nós – e é o que o torna um artista nato.
“A arte transcende as barreiras do consciente e torna-se criativa em toda a sua plenitude”, considera o artista alagoano. O leitor visual (ou o público) é quem vai definir o que a imagem representa e sugere. A mensagem do mundo em xeque fustiga a nossa percepção e pede para que joguemos certo de agora em diante e paremos, enfim, o cronômetro da devastação.