Nas últimas semanas, investidores de grandes instituições financeiras foram procurados por executivos das empresas do grupo Odebrecht na tentativa de reduzir a expectativa sobre os desdobramentos de uma disputa bilionária envolvendo o controle do conglomerado de 12 empresas com interesses nos setores de construção, petroquímica, petróleo, gás, álcool e açúcar, entre outros, e que faturou R$ 40,6 bilhões em 20 países em 2009.
Trata-se da briga entre duas famílias - Odebrecht e Gradin - que por 40 anos foram sócias e construíram um dos maiores grupos empresariais do Brasil.
A disputa dura desde maio de 2010, mas ganhou contornos de enfrentamento em outubro passado. Na ocasião, a família Odebrecht, dona de 62,3% da Odebrecht Investimentos S.A. (Odbinv, holding dos negócios do grupo) alegou estar usando o acordo de acionistas, que regula as relações entre os sócios, para comprar compulsoriamente os 20,6% de ações pertencentes aos Gradin - um valor calculado pelo banco Credit Suisse First Boston (CSFB) em US$ 1,5 bilhão - e os 17,1% restantes, pulverizados entre 11 sócios com participações individuais que vão de 0,19% a 3,7%.
A família Gradin (o patriarca Victor e seus três filhos: Ana Maria, Bernardo e Miguel, reunidos na empresa Graal) reagiu e, em dezembro, após uma carta dando 48 horas para a entrega das ações aos Odebrecht (reunidos na empresa Kieppe), entrou com uma ação na 10ª Vara Cível da Justiça baiana, também citando o acordo de acionistas e pedindo a arbitragem judicial.
A Kieppe tentou barrar a tramitação do processo alegando que o acordo não prevê arbitragem, mas a juíza Maria de Lourdes Oliveira Araújo não entendeu assim.
Recusou o pedido e marcou para o dia 23 de fevereiro uma audiência de conciliação. Como a possibilidade de acordo é nenhuma, segundo os sócios, será escolhido um mediador para o caso, que pode se arrastar por meses.




