É com bastante entusiasmo que Bruno Garcia, um dos protagonistas de De Pernas pro Ar, comédia nacional que é sucesso de bilheteria no país, vê como o público tem reagido bem à produção, ainda em cartaz nos cinemas. Mas é também com certa dose de cautela que o ator analisa os relacionamentos modernos hoje em dia.
Garcia faz o papel de João no filme, um pai de família do tipo "pai e mãe" ao mesmo tempo. Em entrevista ao R7, ele comenta sobre os tabus que a sociedade ainda tem em relação à independência das mulheres e celebra o sucesso do filme, com mais de 2 milhões de espectadores, que pode ganhar uma sequência.
R7 - Vocês esperavam tamanho sucesso, com o filme ultrapassando 2 milhões de espectadores em menos de um mês? Como foi a reação?
Bruno Garcia - É muito difícil prever a reação do público, independentemente do veículo. Porém, as sessões prévias (para convidados, distribuidores, estudantes etc.) deram a impressão de que o filme agradaria bastante. O resultado das bilheterias vem confirmando essa tendência.
R7 - Uma das críticas que vêm sendo feitas ao filme é que ele tem mais cara de produção para a TV e não para o cinema. O que você acha disto? Você concorda?
Garcia - Creio que o Brasil, por ter uma rica tradição na linguagem televisiva, é capaz de promover o diálogo entre a pequena e a grande tela com benefícios para ambas. Estamos experimentando cada vez mais migrações de projetos que vão da TV para o cinema e vice-versa com excelentes resultados. O que importa mesmo é levar ao público histórias boas, bem contadas e bem produzidas.
R7 - Uma das mensagens do filme exalta o papel independente da mulher moderna de hoje. Mas, ao mesmo tempo, o filme deixa nas entrelinhas que existe um lado romântico que não pode ser esquecido, de uma certa "dependência" de um relacionamento. Como vocês equilibraram isso no filme? E na vida, é possível?
Garcia - Os personagens do filme estão em busca da mesma coisa que muitos têm procurado na vida: entender essa nova e dinâmica sociedade que estamos criando para a qual ainda não redefinimos os papéis de cada um. Acredito que De Pernas pro Ar possa e deva estimular uma reflexão neste sentido.
R7 - Você acha que os homens ainda se assustam com o fato de as mulheres estarem mais independentes? Você acha que o jogo inverteu hoje? Os homens estão mais dependentes das mulheres no sentido emocional?
Garcia - Atualmente todos estão emocionalmente perdidos, tateando, tentando encontrar um jeito, um lugar, uma forma para se relacionar.
R7 - O sucesso do filme que motivou a ideia da sequência (já confirmada pela produtora)? Ou já havia uma ideia de fazer uma sequência antes? Como foi?
Garcia - Já havia alguma especulação sobre uma possível continuação embalada pela empatia que o filme apresentava dentro da própria equipe, durante as filmagens. Mas tudo em clima de brincadeira, tipo "quando fizermos o 2, fulano poderia fazer tal coisa o destino de sicrano seria tal." Com o sucesso, a brincadeira ficou séria.
R7 - Existe alguma ideia de que o filme vire minissérie de TV? Quais são os planos além da sequência?
Garcia - Por enquanto sei apenas que há uma idéia de se produzir uma sequência, que precisa ser amadurecida. Até porque ainda estamos colhendo os frutos da primeira investida. E tudo indica que há mais espectadores por vir. Eles certamente serão os grandes responsáveis por uma continuação.