Gays são mais punidos do que heterossexuais em escolas dos EUA

11/12/2010 02:56 - Economia
Por Redação

Gays, lésbicas e bissexuais adolescentes nos Estados Unidos são muito mais suscetíveis a punições severas por escolas e tribunais do que seus colegas heterossexuais, embora estejam menos propensos a se envolver em crimes graves, segundo um estudo publicado nesta semana na revista médica Pediatrics.

Os resultados, baseados em uma amostra nacional de mais de 15.000 estudantes do ensino médio, foram divulgados em um momento de maior atenção para a situação dos jovens homossexuais e bissexuais. Embora alguns casos famosos de assédio moral e suicídio tenham destacado a agressão dos adolescentes por seus pares, o estudo sugere que eles também sofrem um preconceito oculto quando julgados por escolas e autoridades legais.

"Jovens gays, lésbicas e bissexuais estão sendo punidos pela polícia, tribunais e autoridades das escolas e não porque estão se comportando mal ", disse Kathryn E. W. Himmelstein, principal autora do estudo, que iniciou a pesquisa quando era estudante de graduação na Universidade de Yale.

Himmelstein começou o estudo após trabalhar no sistema de justiça juvenil e perceber um número desproporcional de adolescentes gays e lésbicas nos tribunais. Após não conseguir encontrar um estudo que revelasse se os adolescentes homossexuais são mais propensos a se envolver em atividades criminosas, ela conduziu sua própria pesquisa para sua tese. Ela usou dados do Estudo Nacional Longitudinal de Saúde do Adolescente de 1994 a 2002, uma pesquisa contínua de monitoramento do comportamento e dos problemas de saúde de estudantes do ensino fundamental e médio.

Os pesquisadores perguntaram aos jovens sobre crimes não violentos, como o uso de álcool, mentir para os pais, pequenos furtos e vandalismo, bem como crimes mais graves, como o uso de uma arma, assalto ou a venda de drogas.

Jovens gays, lésbicas e bissexuais foram apenas um pouco mais propensos a relatar pequenos problemas de mau comportamento não violento do que seus pares heterossexuais, e menos propensos a se envolver em crimes graves.

Mas, depois de controlar as diferenças no comportamento, os pesquisadores descobriram que os adolescentes gays, lésbicas e bissexuais em geral são muito mais suscetíveis de ser parados pela polícia, presos ou condenados por um crime do que outros adolescentes.

Além disso, adolescentes que disseram ter experimentado sentimentos de atração pelo mesmo sexo estavam mais propensos a ser expulsos da escola que outros estudantes.

As meninas que se diziam lésbicas ou bissexuais pareciam sofrer maior risco de punição, enfrentando 50% mais probabilidade de ser paradas pela polícia e aproximadamente o dobro do risco de prisão e condenação de meninas heterossexuais que relataram níveis similares de má conduta.

O estudo não foi criado para determinar as razões pelas quais o comportamento de adolescentes gays, lésbicas e bissexuais tem mais probabilidade de ser punido ou criminalizado. Os autores especulam que as punições mais severas poderiam refletir um preconceito por parte de funcionários das escolas e cortes, ou que os adolescentes podem ter menor probabilidade de receber serviços de apoio educativo e bem estar infantil do que os seus colegas heterossexuais.

"Nossos jovens nos dizem esse tipo de coisa o tempo todo", disse Betsy Pursell, vice-presidente para a educação pública e assistência do grupo de lobby Campanha pelos Direitos Humanos, de Washington.

Pursell observa que, embora os adolescentes não usem rótulos, aqueles que estão lutando contra a atração pelo mesmo sexo ou se identificaram como homossexuais podem ser percebidos como mais difíceis se adotarem comportamentos diferentes que os distinguem dos alunos heterossexuais.

Por exemplo, um adolescente gay pode sentir-se vítima ou banido, ou pode ser mais propenso a não agir de acordo com os papéis tradicionais de seu gênero, ou ser mais reservado nas interações com colegas e adultos.

"Eu acho que os adultos que trabalham com jovens, para melhor ou pior, tendem a categorizar rapidamente as crianças", diz Pursell. "Eles podem não categorizá-los como LGBT, mas como comuns e não comuns, um possível causador de problemas ou não".

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