TV oficial do Irã nega que condenada ao apedrejamento tenha sido libertada

10/12/2010 19:40 - Brasil/Mundo
Por Redação

A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, não foi libertada, "ao contrário do que afirma uma vasta campanha de propaganda dos meios de comunicação ocidentais", afirma o site do canal em inglês oficial do Irã Press TV.

O Comitê Internacional Contra o Apedrejamento (Icas), que tem sede em Berlim, na Alemanha, anunciou nesta quinta-feira (9) a libertação de Sakineh. O caso da iraniana, revelado em julho, provocou uma onda de solidariedade e uma grande mobilização a favor da ré nos países ocidentais.

Aparentemente, o comitê fez o anúncio depois da divulgação por vários meios de comunicação internacionais, entre eles a agência de notícias France Presse, de fotos da Press TV que mostravam Sakineh em casa, ao lado do filho, nos dias 4 e 5 de dezembro.

De acordo com o canal oficial, a iraniana foi levada até o local para participar das filmagens da reconstituição do suposto crime.

- Ao contrário de uma vasta campanha de propaganda dos meios de comunicação ocidentais, segundo os quais a senhora Mohammadi Ashtiani, assassina confessa, foi libertada, essas fotos foram feitas quando uma equipe de produção da Press TV acompanhava a senhora Ashtiani a sua casa, com a aprovação da Justiça, para as filmagens de uma reconstituição da cena do crime.

Em vídeo da mesma Press TV postado no site YouTube, a iraniana confessa, em entrevista, que matou o marido. A íntegra do programa será transmitida nesta sexta-feira (10), por volta das 14h de Brasília.

Em seu site, o Icas afirma que recebeu informações alegando que Sakineh e seu filho Sajjad Ghaderzadeh estariam livres. A líder da organização, Mina Ahadi, confirmou a notícia ao R7, mas a Embaixada do Irã do Brasil endossou ou negou o anúncio.

Nesse clima de incertezas, Mina disse que ainda aguarda a confirmação da República Islâmica do Irã.

- É importante ressaltar que existem informações conflitantes sobre o assunto nas agências de notícias estatais iranianas.

Relembre o caso

Sakineh foi condenada à morte por dois tribunais diferentes em 2006 pelo suposto envolvimento no assassinato do marido. Em 2007, sua pena pelo assassinato foi reduzida, em apelação, a 10 anos de prisão. No mesmo ano, outra corte de apelação confirmou uma nova sentença, desta vez de apedrejamento até a morte por adultério.


 

O Irã baseia suas leis no código penal muçulmano, a Sharia, assim como a Arábia Saudita, partes do Sudão e outros países islâmicos.

A pena gerou comoção internacional. A ONG Anistia Internacional organizou um abaixo-assinado pedindo a soltura da iraniana e vários líderes se pronunciaram contra, inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele ofereceu abrigo a Sakineh e a sua família, o que foi negado pelo governo de Teerã.

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