Mídia chinesa vê 'agressão' ao país no Nobel da Paz a dissidente
A imprensa estatal chinesa acusou o Ocidente de 'lançar uma nova rodada de agressões à China' antes da entrega oficial do Prêmio Nobel da Paz ao dissidente preso Liu Xiaobo, na sexta-feira.
A China tem usado seu poderio econômico para promover um boicote à cerimônia de Oslo. A maioria dos 18 países que aderiram tem fortes ligações comerciais com a China, ou compartilha com Pequim da hostilidade contra a pressão ocidental pela situação dos direitos humanos
Liu, que cumpre pena de 11 anos de prisão por seu envolvimento em um manifesto pró-democracia, não poderá viajar para receber o prêmio, e sua esposa e outros colaboradores também foram colocados em prisão domiciliar.
'Liu faz de tudo para subverter o governo chinês, e isso convém à estratégia de algumas organizações e pessoas no Ocidente com relação à China', disse a agência estatal de notícias Xinhua num comentário em inglês, na noite de quarta-feira.
'Por isso algumas pessoas no Ocidente imediatamente abraçaram a decisão do Comitê Nobel, lançando uma nova rodada de agressões à China', disse a nota.
A China reagiu ao Nobel entregando na quinta-feira o recém-criado Prêmio Confúcio da Paz ao ex-vice-presidente taiwanês Lien Chan, embora assessores do político tenham dito desconhecer a premiação.
O popular tabloide Global Times, alinhado com o regime comunista, salientou em editorial a 'confusão e as divisões mundiais' causadas pelo Nobel da Paz deste ano. 'Todos os aplausos vêm do Ocidente, e os cidadãos de países do Terceiro Mundo agora são todos aliados da China.'
'O Ocidente tem demonstrando grande criatividade em conspirar contra a China. Como sua ideologia continua dominante no presente, o Ocidente não cessou de assediar a China com todo tipo de truques, como o Prêmio Nobel da Paz', escreveu o Global Times.
A China afirma que a 'vasta maioria' dos países atendeu ao boicote contra o Nobel, mas os organizadores do evento disseram que só nações com representação diplomática na Noruega foram convidadas, e que dois terços delas aceitaram o convite.
Dos países convidados, estarão ausentes Rússia, Cazaquistão, Colômbia, Tunísia, Arábia Saudita, Paquistão, Iraque, Irã, Vietnã, Afeganistão, Venezuela, Filipinas, Egito, Sudão, Ucrânia, Cuba e Marrocos.
Nos últimos dias, a China tem tirado do ar reportagens da BBC e CNN sobre Liu e seus seguidores, embora em geral esses canais só estejam disponíveis em hotéis de luxo e edifícios habitados por estrangeiros.
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