Processo é um pedaço importante na feitura de um filme. Que o diga Wagner Moura, ator que dá vida a capitão Nascimento, personagem já antológico no cinema brasileiro. Nascimento, promovido a coronel em Tropa de Elite 2 – Agora o Inimigo É Outro, é mais do que um policial pronto para matar, segundo o ator, em entrevista após a pré-estreia do filme em Paulínia.
- Percebi logo depois do segundo filme que o Nascimento é um personagem clássico da tragédia grega.
Essa opinião é corroborada por José Padilha, que afirma que a vida dele também é puro sofrimento. Se no filme antecessor o personagem é alienado ao que está à sua volta e acredita que o tráfico é o grande problema, na sequência, que chega aos cinemas nesta sexta (8), ele entende que o buraco é mais embaixo.
Trabalhar com o tema das milícias e aprofundar os dilemas do agora coronel Nascimento – 13 anos depois, já separado de Rosana (Maria Ribeiro) e tendo de lidar com o filho adolescente – foram os atrativos para o corroteirista Braulio Mantovani voltar a Tropa 2. Para Mantovani, o foco agora tinha que ser no personagem de Moura.
- O mais importante é pegar o personagem que me fugiu pelas mãos e fazê-lo sofrer mais.
A "fuga do personagem", no caso, explica-se da seguinte forma: na produção de 2007, o foco no roteiro recaía em André Matias (André Ramiro) e Neto (Caio Junqueira), dois aspirantes amigos de infância. Na mesa de montagem de Daniel Rezende é que Nascimento tomou a forma e importância que conhecemos.
Para Moura, agora é possível acompanhar o protagonista mais de perto.
- Emocionalmente, o personagem se equivale ao primeiro, apesar de serem tipos diferentes de emoção. Nos dois, Nascimento caminha inexoravelmente para um destino trágico, mas, como ele está mais velho, passou por mudanças. Durante a realização, nós decidimos que ele deveria ser mais consciente, o que é pior: conforme o filme avança, percebe que está completamente f...
À exceção do protagonista, o restante do elenco não conhecia o roteiro integralmente, apenas as partes que lhes cabiam nas filmagens. André Mattos, que faz o apresentador sensacionalista Fortunato, comenta que eles seguiam o roteiro do Mantovani, mas buscando muito dentro deles mesmos, o que são, seguindo o método da Fátima Toledo, preparadora de elenco.
Apesar das semelhanças com Wagner Montes, para o público carioca, e José Luiz Datena, para os paulistanos, Mattos diz que todos esses tipos da televisão estão representados por Fortunato. Mas nenhum especificamente.