Um desentendimento entre a presidente do Tribunal de Justiça Elizabeth Carvalho e o advogado Evilásio Feitosa marcou, na tarde desta-feira (28), a sessão do TJ na qual seria apreciado o relatório da corregedoria do Tribunal que apura o envolvimento de magistrados em supostas irregularidades em processos de concessão de seguro-prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores (Dpvat).
O advogado, que defende um dos juízes que teria participado das fraudes, afirmou que a presidente do TJ teria que se averbar suspeita no caso já que a sobrinha dela trabalha com ele em seu escritório.
A desembargadora se irritou e disse que o fato era uma manobra para que o julgamento fosse suspenso. “Isso é uma conduta fraudulenta e, a partir de hoje, a minha sobrinha está fora do seu escritório”, disse irritada a presidente do TJ.
Feitosa rebateu e disse que a saída da sobrinha de Elizabeth do escritório não mudaria o fato, já que ela trabalhava antes no local. “Isso não é estratégia para adiar o julgamento. Eu trabalho no campo do direito e não lido com questões pessoais”, afirmou.
Após a discussão, o julgamento foi adiado.
O esquema
A operação Muleta, deflagrada pela Polícia Civil, no dia 27 de janeiro, cumpriu dez mandados de busca e apreensão e nove de prisão expedidos pelos juízes da 17ª Vara Criminal da Capital. As buscas ocorreram em Maceió, Arapiraca, além de Nossa Senhora das Dores e Canindé do São Francisco, no Estado de Sergipe.
Os advogados Francisco Crispi, Kelmanny Michael dos Santos Freire e Cristiano Gama de Melo, todos de Arapiraca, José Valmor Tiaro de Souza Silva e Carlos André Marques dos Anjos, a serventuária da Justiça Valkíria Malta Gaia Ferreira e os corretores de seguros de Sergipe Manoel Jailton Feitosa e Jânio Gomes da Silva foram presos.
O advogado Rogério Cavalcante Lima, o último advogado que faltava ser preso na Operação, se entregou a polícia. Todos os presos já estão em liberdade, depois que habeas corpus foram concedidos pelo desembargador Orlando Manso.
O grupo era investigado há cerca de quatro meses, quando a Polícia recebeu informações de fraude no DPVAT. A Polícia explicou que os advogados recrutavam supostas vítimas de acidentes de trânsito e davam entrada no pedido do seguro. Com a anuência de servidores do 1º Juizado de Arapiraca, os processos eram apreciados com mais rapidez. Quando o valor solicitado saía, era divido entre o grupo.









