Muitas pessoas aproveitam o ano eleitoral para garantir uma renda extra, graças aos empregos temporários que surgem para auxiliar reuniões, carreatas, comícios, entre outras atividades. Alguns setores são potenciais nesta época e chegam a dobrar o número de contratações, como as gráficas, que produzem materiais como panfletos e adesivos.

Além disso, muitos políticos encontram novas formas de fazer campanha, a exemplo da utilização de bandeiras, carros de som e até bicicletas para ajudar na publicidade, o que demanda mão-de-obra.

Esses trabalhadores são vistos com freqüência nas ruas de Maceió e ganham em média R$ 10,00 a R$ 50,00 por dia, dependendo da função. Mas, quem faz o marketing político tem um lucro ainda maior, visto que alguns candidatos, principalmente ao governo do Estado optaram por profissionais de São Paulo e Rio de Janeiro, encabeçando campanhas milionárias. Além de publicitários e jornalistas os advogados entram no rol das profissões que se destacam no período eleitoral.

O economista Laurentino Veiga lembrou que além de movimentar a economia a campanha eleitoral tem ônus, como a corrupção, fruto do dinheiro de origem duvidosa. Segundo ele, mesmo sem carteira assinada as pessoas que trabalham nessa época fazem a moeda circular, usando a renda momentânea para fazer pagamentos e compras.

“Muitos políticos acumulam dinheiro durante os 4 anos de mandato para gastar na campanha de reeleição. Os comitês funcionam como empresas, que têm gerentes, sub-gerentes, setor de pessoal e financeiro, mesmo que seja durante alguns meses. Nessa época até o lavador de carros ganha mais, em frente a sede dos partidos. Mas, sabemos que a idéia central não é essa”, destacou.

De acordo com Veiga antes da lei proibir os comícios o dinheiro também era gasto com shows de bandas nacionais. “Há um político daqui que prestigiava os artistas pernambucanos, que é seu estado de origem. É válido que os candidatos ofereçam dinheiro para que pessoas trabalhem para eles. Acho que elas devem atender suas necessidades, mas votar na consciência, porque o voto é secreto”, afirmou.

Ele lembrou ainda, que algumas pessoas que trabalham na campanha e se sobressaem acabam ganhando cargos comissionados e saem da informalidade. “Isso acontece nas três esferas. As prefeituras servem de base eleitoral para eleger os deputados estaduais e são os eleitores do interior que fortalecem isso. Também é bom lembrar que há políticos aqui que declararam um patrimônio falso ao TRE”, ressaltou.

Empregos temporários

Marcelo Lima trocou o emprego de vendedor de produtos de informática por uma oportunidade no comitê de um candidato a deputado estadual. Não é a primeira vez que ele consegue um emprego temporário em ano eleitoral, visto que já participou de campanhas para candidatos a prefeitura e a Câmara Municipal em 2006. Segundo Lima, cerca de 30 pessoas foram contratadas para trabalhar internamente e mais 50 podem ser chamadas para fazer publicidade nas ruas.

“Devo ficar como digitador, acompanhando o coordenador da campanha, mas outras pessoas irão distribuir panfletos e ficar segurando bandeiras nas ruas. Assinaram minha carteira e achei isso legal, apesar de ser pouco tempo. Quem me contratou afirmou que se o candidato ganhar posso até conseguir um cargo. Trabalho das 9h ás 18h, dependendo do que tem pra fazer”, contou.

O radialista Rodrigo Júnior também aproveita a época para ganhar dinheiro. Ele cria, produz e grava jingles para os políticos, o que custa em torno de R$ 300,00. O radialista chegou a produzir para dois políticos do Tocantins, além de vários candidatos do Estado. 

“O preço depende muito do que é solicitado no jingle. Se for um forró requer mais trabalho. Um pop já é mais rápido pra produzir. Eu entrego pronto mediante a aprovação do candidato. Já fiz para a Thaíse Guedes, Ângela Canuto, Carlos Alberto Canuto, Jafet, entre outros”, contou.

 Ele afirmou que se trata de um trabalho mais intelectual da campanha, no qual ele tem que pensar, analisar e compor o jingle de acordo com a vida e as propostas do candidato, enfatizando o número para que os eleitores votem. Além dele, mais duas pessoas ajudam na produção.

“O trabalho é feito por mim e mais dois amigos. É músico, locutor, compositor, editor e áudio. Fazemos isso durante todo o período eleitoral, não só em aqui como fora do estado”, explicou.