A prefeitura de Sooretama, no norte do Espírito Santo, decidiu fazer concurso público para regularizar o serviço de limpeza urbana. Das 71 vagas oferecidas, 69 foram preenchidas pelas mulheres. A maioria dos homens teve dificuldade para preencher as respostas na prova de múltipla escolha. Como saber, por exemplo, quantas sílabas tem a palavra “trabalhador”, se o candidato mal sabe ler?
Na pequena cidade de 25 mil habitantes nunca o serviço de limpeza urbana chamou tanta atenção. Atrás do caminhão, lá vão elas: penduradas e determinadas, apesar da desconfiança geral. Não só dos homens.
Praticamente não há mais homens na função de gari. A faxina geral tirou a poeira que escondia um problema antigo. A explicação para o que acontece na cidade passa pela caneta, pelo papel, pela sala de aula.
Os homens ficam só olhando: “Não é discriminação, mas acho que é um serviço muito pesado para elas”, comenta um morador.
“Tem que acabar com esse tabu de que mulher também é um sexo frágil. Vamos à luta, temos que criar nossos filhos”, defende uma mulher.
O trabalhador foi o banco do desemprego. Sobrou o uniforme de limpeza de recordação. O jeito foi procurar ocupação fora da cidade: “Estou trabalhando na roça”, conta um trabalhador