Alagoas passará a contar com um centro de referência para as lesões precursoras do câncer no trato genital feminino, que vai garantir o diagnóstico e tratamento das lesões pré-cancerígenas do colo do útero às usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), em parceria com o Hospital Universitário (HU).
O serviço será lançado na quinta-feira (22), às 10h, no saguão principal do HU, e contará com a presença do secretário de Estado da Saúde, Herbert Motta. Na ocasião, será assinado um convênio para repasse mensal de recursos pela Sesau no valor de R$ 431.826,12. Também serão entregues sete colposcópios, equipamentos que permitem identificar alterações na vagina e no colo do útero.
De acordo com o secretário da Saúde, Herbert Motta, o câncer de colo uterino já se configura como um problema de saúde pública por sua alta incidência e mortalidade, sendo o segundo mais comum na mulher, ficando abaixo do câncer de mama, que lidera o ranking.
“Com a implantação desse centro de referência do trato genital feminino, Alagoas estará dando um salto na qualidade de vida das mulheres por meio de um serviço que vai dispor de tecnologia para prevenção, detecção precoce e tratamento do câncer”, destacou o secretário.
Ele salientou ainda que as ações referentes à saúde da mulher são uma das prioridades do governo do Estado, que tem garantido recursos para equipar unidades de saúde, capacitar pessoal e repasse de custeio. “Esse projeto também tem como proposta servir como centro de capacitação para os profissionais na técnica de manuseio dos aparelhos de colposcópio e de alta frequência, o que vai assegurar mais profissionais habilitados na área para descentralizar o atendimento nas 13 microrregiões do Estado”, explicou Motta.
Para o médico patologista João Carlos Melo, diretor de atenção especializada e programas estratégicos da Sesau, um dos pontos que devem ser ressaltados é a ampliação do acesso das mulheres a exames especializados para diagnóstico e tratamento do câncer do colo de útero.
“A partir de agora, quando um médico ginecologista da atenção básica verificar na citologia qualquer alteração suspeita de câncer irá encaminhar a paciente ao centro de referência no Hospital Universitário e lá serão realizados todos os procedimentos necessários”, explicou, acrescentando que o serviço vai dispor de exames de colposcopia, vulvoscopia e vaginoscopia, além de cirurgias de alta frequência e de traquelectomia.
Casos – O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que este ano em Alagoas deverão surgir 270 novos casos de câncer do colo do útero, sendo que destes, 110 vão surgir em Maceió. Em todo o país, a estimativa é de 18.430 novos casos.
O câncer do colo do útero, também chamado de cervical, demora muitos anos para se desenvolver. As alterações das células que podem desencadear o câncer são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou), por isso é importante a sua realização periódica. A principal alteração que pode levar a esse tipo de câncer é a infecção pelo papilomavírus humano, o HPV, com alguns subtipos de alto risco e relacionados a tumores malignos.
Prevenção - A infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV) tem papel importante no desenvolvimento do câncer do colo do útero. Estudos demonstram que o vírus está presente em mais de 90% dos casos de câncer cervical. A prevenção pode ser feita usando-se preservativos (camisinha) durante a relação sexual, para evitar o contágio pelo HPV.
Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura do câncer do colo do útero são de 100%. Conforme a evolução da doença, os principais sintomas são sangramento vaginal, corrimento e dor. O exame preventivo do câncer do colo do útero (Papanicolaou) é a principal estratégia para detectar lesões precursoras e fazer o diagnóstico da doença. O procedimento pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados.
O exame preventivo é indolor, simples e rápido. Pode, no máximo, causar um pequeno desconforto que diminui se a mulher conseguir relaxar e se o exame for realizado com boa técnica e de forma delicada. Mulheres grávidas também podem se submeter ao exame, sem prejuízo para sua saúde ou a do bebê.
Tratamento - O tratamento para cada caso deve ser avaliado e orientado por um médico. Entre os tratamentos mais comuns para o câncer do colo do útero estão a cirurgia e a radioterapia. O tipo de tratamento dependerá do estágio da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade e desejo de ter filhos.