Lula assina projeto de auxílio financeiro a campeões das Copas de 58, 62 e 70

14/05/2010 09:35 - Futebol
Por Redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na última quarta-feira um projeto de lei no qual está previsto um auxílio mensal de até R$ 3.416,54 e uma premiação de R$ 100 mil aos brasileiros campeões das Copas do Mundo de 1958, 1962 e 1970. O texto foi publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial da União e será encaminhado ao Congresso para votação.

O comunicado oficial da Presidência da República utiliza o termo “premiação”, o que Marcelo Neves, um dos principais articuladores do projeto e filho do goleiro Gilmar dos Santos Neves, faz questão de negar, dizendo que não se trata de uma recompensa e sim de uma indenização.

“Para os jogadores de 58, 62 e 70, a profissão não era regulamentada, eles não tiveram aposentadoria como outro trabalhador qualquer, por isso será dada uma indenização de R$ 100 mil, mais o teto máximo da previdência por mês”, conta Marcelo, que é presidente da Associação dos Campeões Mundiais de Futebol, baseada em São Paulo.

“Na época os jogadores tinham um outro emprego que os cartolas arrumavam para que eles pudessem oficialmente recolher imposto e se aposentarem. Meu pai, por exemplo, tinha um cargo na Secretaria da Fazenda que eu não sabia até pouco tempo atrás.”, conta.

“O problema é que ninguém ganhou muito dinheiro como jogador de futebol naquela época, e hoje recebe uma aposentadoria não condizente com o que fizeram pelo país”, completa Marcelo, comparando os campeões mundiais a outros beneficiários de aposentadoria especial. “O Lula, o Serra e o Fernando Henrique Cardoso têm direito a aposentadoria especial por terem sido exilados. Os pracinhas porque lutaram na Segunda Guerra."

Por terem vencido o Mundial numa época em que o futebol já tinha um reconhecimento profissional e dava mais dinheiro, os campeões de 1994 e 2002 não serão incluídos no benefício.

O projeto de lei encaminhado por Lula estabelece ainda que o auxílio também será pago à esposa ou companheira dos campeões que já faleceram (caso, por exemplo, de Orlando Peçanha, que morreu em fevereiro de 2010), além de filhos menores de 21 anos ou inválidos.

O recurso para o pagamento dos R$ 100 mil virá do Ministério do Esporte, enquanto o Ministério da Previdência Social ficará encarregado de pagar o auxílio mensal, que será calculado de acordo com a diferença entre a renda atual do ex-atleta e a aposentadoria máxima prevista pela Previdência Social. Ou seja, se estiver ganhando R$ 2.000, o beneficiado receberá R$ 1.416,54 do governo.
"Enviei 500 dólares para o Moacir pagar a quimioterapia"

Se alguns jogadores presentes nestas conquistas com certeza não precisam deste dinheiro, caso notadamente de Pelé, outros passam por momentos muito mais inglórios.

O filho do goleiro campeão em 1958 e 1962 cita o próprio pai: Gilmar teve um derrame em 2000 e, com o lado direito do corpo paralisado e sem conseguir falar, não conseguiria se manter sozinho. Hoje conta com a ajuda de Marcelo, que é economista, mas há jogadores que estão em casos ainda piores.

“Na última terça-feira, enviei 500 dólares para o Moacir pagar uma sessão de quimioterapia no Equador”, conta Marcelo sobre o meio-campista campeão na Copa de 1958 e que hoje luta para manter a família e pagar o tratamento do câncer na próstata.

Neves cita também ídolos como Bellini, capitão de 1958, que atualmente sofre de Alzheimer; Nilton Santos, lateral campeão em 1958 e 62 e que há tempos está internado num hospital do Rio, além do goleiro Félix (1970) e Amarildo, atacante substituto de Pelé na Copa de 62.

Marcelo Neves cita ainda Mengálvio, reserva de Didi em 1962 e Marco Antonio, Joel Camargo e Paulo César Caju, todos reservas na Copa de 70, como campeões mundiais que precisam do auxílio.

Questionado sobre a situação de outros jogadores que não foram campeões mundiais ou sequer chegaram à seleção brasileira, mas que também sofrem com o fato de não terem recebido a devida aposentadoria, Marcelo Neves responde que não está ao seu alcance fazer algo neste sentido.

"Feliz ou infelizmente, eu fui nomeado para defender os interesses apenas da classe deles, e depois de três anos de luta, estamos conseguindo o que queríamos. Outras associações e representantes de outros esportes e atletas, como os campeões mundiais pelo basquete e uma pessoa ligada à Maria Esther Bueno, já me procuraram. Mas não tenho condições de defender o interesse de todos".

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