Técnicos e gestores públicos entraram num consenso na Conferência Regional Nordeste de Ciência, Tecnologia e Inovação: o Nordeste está pronto para reivindicar mais espaço e atenção nas políticas públicas da área. As 18 salas temáticas do evento, que se encerra nesta sexta-feira, 16, no Centro de Convenções de Maceió, concluíram que a região já detém maturidade para buscar o fortalecimento no setor.

“Vamos tratar ciência e tecnologia como uma das prioridades para o desenvolvimento econômico e social. Fortalecer o empresário e o pesquisador para fomentar a inovação nas nossas áreas mais carentes”, argumentou Janesmar Cavalcanti, secretária de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Para a secretária, o relatório da conferência vai levar para âmbito nacional quais são as peculiaridades, as necessidades e as potencialidades de cada estado do Nordeste. “Nesses dois dias foi possível reunir quem pensa e quem gerencia a Ciência e Tecnologia no Nordeste e sentá-los para discutir. Daqui saem definições que vão influenciar não só o setor público, mas também as empresas e organizações”, afirmou Janesmar Cavalcanti.

Mais espaço - As diversas instituições e secretarias apresentaram os dados sobre o crescimento na inovação tecnológica. No entanto, dados nacionais ainda mostram que o número de projetos está muito abaixo do de regiões como a Sul e a Sudeste. “Em 2006, incentivos como a Lei do Bem — que garante dedução fiscal a empresas que inovam — receberam 130 projetos, ano passado foram 600. A grande maioria no Sudeste”, explicou o coordenador de Projetos de Inovação da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Litelton Pires.

Os gestores também destacaram problemas com baixa capacitação de técnicos, principalmente de carreira. No entanto, todos identificaram avanços na inovação no Nordeste nos últimos anos. “Começamos lentamente a pensar diferente. Antes um professor da universidade pesquisava e levava a uma empresa a ideia. Agora, a empresa informa quais as demandas e a universidade busca a solução”, relatou Pires.

Institituições e empresas também colaboraram para a elaboração de uma proposta regional para área. “Não nos falta qualidade, nos falta quantidade. A China forma mil engenheiros por ano e investe grande parte do PIB em infraestrutura. O Brasil precisa ter esta quantidade para ter a real qualidade, incentivando o empreendedorismo”, Márcio Andrade, coordenador de Tecnologia da Braskem.

A diretora-técnica do Sebrae em Alagoas, Renata Fonseca, disse que o desafio é fazer com as leis existentes no Brasil consigam alcançar o pequeno comerciante no interior. O gerente de Relações Internacionais da Confederação Nacional das Indústrias, Renato Cordeiro, corroborou com a ideia. “É preciso despertar o espírito inovador, empreendedor em cada brasileiro. Ainda temos dificuldade em entender as pequenas demandas. O pensamento de sistema integrado tem que passar por contemplar a todos”, disse.