O aplicativo iMussolini, que permitia que os usuários fizessem downloads em seus iPhones dos discursos do ditador fascista Benito Mussolini, e que alcançou grande sucesso de vendas na Itália, foi retirado das lojas onlines da Apple, anunciou nesta quarta-feira seu criador à AFP.

O autor do aplicativo, Luigi Marino, de 25 anos, explicou que "preferiu retirar (o material) de venda" após ter sido advertido pela empresa estatal Cinecitta Luce, proprietária dos arquivos e dos direitos de vídeos históricos, de que poderia ser denunciado.

Não se exclui que a aplicação volte a ser vendida virtualmente uma vez que o problema dos direitos seja resolvido.

O aplicativo estava entre os mais baixados da Itália, onde as versões em áudio e vídeo dos discursos do ditador chegaram a mais de mil downloads em um dia, após seu lançamento no último 21 de janeiro.

Entre os aplicativos mais comprados figuram o vídeo com o discurso em que Mussolini comemora os 10 anos da marcha a Roma, pronunciado em Milão em 1932, e o de 1938 em Trieste, em que o fascista fala sobre rascismo.

A empresa Cinecitta Luce advertiu nesta quarta-feira em um comunicado que iniciará ações legais contra toda pessoa que comercializar o material, e apelidou de "audaz" o autor do aplicativo pela "instrumentalização" feita dos discursos.

Um grupo de sobreviventes do Holocausto, assim como a comunidade judaica, lamentaram oficialmente a polêmica moda de baixar os discursos do ditador, o que consideram "um insulto à memória de todas as vítimas do nazismo e do fascismo".