O Banco do Brasil lançou em parceria com a Samsung um leitor de código de barras pelo celular e trouxe para o país um novo meio de pagamento de contas. A novidade, que destaca o Brasil na América Latina, ainda está restrita a uma pequena parcela da sociedade. Apenas o aparelho Omnia II (por cerca de R$ 1.300) tem o aplicativo que captura o código de barras dos boletos pela câmera do aparelho. O segundo telefone com processador compatível será lançado em fevereiro. De acordo com as duas instituições, o serviço deve ficar mais acessível com o tempo. Mas, segundo especialistas, o Brasil precisa primeiro vencer algumas barreiras, como os altos custos da internet pelo celular, inclusão digital e evolução da consciência dos consumidores em relação aos seus direitos.

Para fazer o pagamento é preciso acessar a transação de pagamentos do Autoatendimento BB pelo celular, acionar o leitor e direcionar a câmera para o código de barras: a captura é feita automaticamente. A partir daí, basta concluir o pagamento.

Segundo o diretor da 3G Americas na América Latina e Caribe, Erasmo Rojas, há dois anos a Colômbia teve uma iniciativa parecida e hoje já é possível fazer diversas transações bancárias pelo celular. Outros países como México, Equador e Argentina também estão investindo em soluções deste tipo. Para ele, a utilização de celulares como um dispositivo de autoatendimento bancário é um grande avanço.

– É preciso notar que esta solução é ainda muito limitada, já que apenas um aparelho e um banco que a disponibiliza para os clientes – afirmou Rojas. – No entanto, devemos comemorar. Os bancos estão pensando em caminhos novos para economizar tempo dos seus clientes e o BB deu um passo adiante.

Atualmente, o país tem mais de 175 milhões de assinantes de internet móvel e a expectativa para o final do ano é de 195 milhões de usuários, segundo a 3G Americas. O advogado do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) Guilherme Varella lembra que toda nova possibilidade trazida pela tecnologia deve ser vista com cautela pelos compradores.

As principais operadoras de celular do Brasil, que dominam quase 98% do mercado, Tim, Oi, Claro e Vivo têm diversos planos para acessar a internet, para diferentes perfis de usuários. Os pacotes incluem uma velocidade limite para a transmissão de dados. Se por acaso o cliente ultrapassa a velocidade, ele é cobrado pela quantidade de megabytes (MB) excedente.

– Os consumidores devem se informar ao máximo sobre o serviço que irá utilizar e as informações devem ser passadas da forma mais clara possível – declarou Varella. – O advogado também ressalta que, assim como nas transações bancárias pelo computador, qualquer falha é de responsabilidade total do banco.

O gerente executivo de tecnologia do BB, Gustavo Fosse, afirmou que já estão estudando a possibilidade de oferecer o serviço em outros aparelhos. E que a velocidade da internet necessária para o pagamento é bem pequena.

– O maior facilitador que esta inovação trouxe foi evitar que o cliente seja obrigado a digitar todos aqueles números do código de barras. A segurança e os meios para o pagamento continuam sendo os mesmos do acesso pelo computador – disse Fosse.

Há 5 anos, a Samsung inaugurou o seu Instituto de Desenvolvimento para a Informática (Sidi), que hoje conta com uma equipe de 130 pesquisadores responsáveis por buscar novas soluções tecnológicas. De acordo com a diretora de pesquisa e desenvolvimento do Sidi, Vera Bier, o aparelho para realizar este serviço precisa ter câmera de pelo menos 1 megapixel e um processador compatível.

Segundo a 3G Americas, ano passado foi registrado crescimento de 380% em assinaturas de banda larga móvel (UMTS-HSPA) na América Latina. São estimadas 1 bilhão de assinaturas para 2013, chegando a mais de 2 bilhões no início de 2015.