Mais de mil pessoas, entre devotos e turistas, participaram na tarde desta quarta-feira (6), da única procissão marítima do estado de Alagoas, que reuniu os fiéis da praia do Pontal, onde tradicionalmente acompanham a imagem do Bom Jesus dos Navegantes em várias embarcações (cedidas como forma de homenagem ao santo padroeiro dos pescadores, pelos proprietários dos referidos barcos), até as proximidades da vizinha praia de Barreiras, retornando ao ponto de partida, onde a imagem do padroeiro desembarca e é seguida pela multidão pelas principais ruas do povoado.
A comunidade lotou as ruas estreitas do povoado, que seguiu a imagem do padroeiro até a igreja, no cortejo, contou com o apoio de 40 escoteiros, entre meninos e meninas que integram o grupo do Instituto Amigos da Natureza (INAN) que organizaram a caminhada ao lado do pároco local, padre Pedro Silva. Para garantir a segurança em alto mar, representantes da Marinha do Brasil acompanharam o evento.
PROGRAMAÇÃO
A programação dos festejos em homenagem ao Bom Jesus dos Navegantes seguiu com missas solenes, na igreja do povoado, e tributos prestados, desde o dia 3, por diferentes segmentos da comunidade local. A prefeitura de Coruripe, que todos os anos presta apoio ao evento, realizou show popular de encerramento das festividades, na noite de ontem, com as bandas Raios do Trovão e Nuka Mel.
Participaram do evento, o prefeito Marx Beltrão, o vice-prefeito George Guido, os deputados federal e estadual, Joaquim Beltrão e João Beltrão, o prefeito de Feliz Deserto, Maycon Beltrão, secretários e vereadores municipais de Coruripe e demais autoridades.
SURGIMENTO DE UMA TRADIÇÃO
Segundo o filósofo, teólogo, sociólogo, antropólogo e historiador João Ribeiro de Lemos, a tradição do evento e veneração ao Bom Jesus dos Navegantes do Pontal de Coruripe surgiu no final do século XIX, depois de a capela de Nossa Senhora da Penha, antiga padroeira local, ser tomada pelo mar. Após o fato causado por obra da natureza, iniciou-se a veneração ao Bom Jesus dos Navegantes e uma igreja foi construída para abrigar a imagem do santo, além da secular imagem da antiga padroeira, esta que, por ser uma antiquíssima relíquia de inestimável valor material, foi roubada, a cerca de seis anos, fatídico episódio que segue como um mistério sem solução.