Apesar dos avanços no setor de telecomunicações, o Brasil ainda está atrasado tecnologicamente em relação à América Latina quando o assunto é banda larga. Com a falta de competição, a internet em alta velocidade por aqui responde por menos acessos à rede do que na Argentina, no Chile e no México, onde há mais players no mercado.
Por outro lado, a posse de celulares entre os brasileiros, que têm a possibilidade escolher entre até cinco companhias, está no mesmo patamar de peruanos, chilenos e colombianos. Essa é a conclusão de especialistas do setor que analisaram os dados compilados pela consultoria Everis Brasil e pela escola de negócios (Iese) da Universidade de Navarra, na Espanha.
Presença de tecnologia é 1% inferior à média regional
A pesquisa analisou seis países em sete categorias que envolvem telefonia e internet. O Brasil não lidera nenhuma delas. Pelo contrário, a presença da tecnologia no país está 1,1% abaixo da média na região. Para analistas, a situação poderia ser melhor se houvesse uma legislação mais flexível, um maior crescimento na renda dos brasileiros e uma menor carga tributária.
Especialistas destacam ainda a importância da competição. A falta de players se reflete, por exemplo, na baixa cobertura da banda larga. Apenas 16,5% das conexões no Brasil são feitas em alta velocidade. Na Argentina, são 29,8%; e no Chile, 27,1%.
- A presença da banda larga na Argentina e no Chile é quase o dobro da do Brasil. Isso acontece porque lá a competição é maior. Nesses países, todas as empresas de TV por assinatura oferecem o produto. Assim, os preços caem e a população tem acesso. No Brasil, na maioria dos casos, fica-se na mão das concessionárias de telefonia fixa. Com isso, não há necessidade de se fazer investimentos para atender a todos - aponta o consultor Virgílio Freire, ex-presidente da Vésper e da Lucent.
Em computador, país está na vice-liderança
Se a banda larga ainda precisa de investimentos, a oferta de computadores, acirrada com a concorrência entre fabricantes, põe o Brasil em posição melhor. Segundo pesquisa da Everis Brasil e da Iese, o país tem 243 terminais para cada mil habitantes, atrás do Chile, com 344.
Ao se analisar a oferta de internet para cada mil pessoas, o país aparece atrás da Colômbia e quase empatado com Peru e Chile. Para especialistas, isso reflete as conexões discadas gratuitas, que eram maioria há dez anos.
O Brasil tem 104,7 milhões de excluídos digitais, cerca de metade da população, segundo o IBGE. Com a crise no início deste ano, o Brasil perdeu a liderança do total de investimentos em tecnologia para o Chile.
- Em 2010, o Brasil deve voltar à liderança dos gastos, chegando a US$ 416 por pessoa - diz Teodoro López, vice-presidente da Everis.









