A polêmica rondou a pequena atriz Klara Castanho quando foi anunciada sua escalação para o elenco de “Viver a vida”. Especulações davam conta de que a menina, de apenas 9 anos, interpretaria uma vilã, cúmplice da mãe golpista, vivida por Giovanna Antonelli. Até o Ministério Público se envolveu no caso, recomendando ao autor Manoel Carlos que evitasse expor uma menor de idade.
Mas bastaram as primeiras cenas de Rafaela irem ao ar, para que a boataria cessasse. A personagem nada mais é que uma garotinha descolada, dona de uma ironia fina, própria de adultos. Coisa quase comum hoje em dia.
“Acho que a Rafaela é muito enxerida e eu adoro isso nela”, comemora Klara, revelada pelo seriado “Mothern”, do canal pago GNT, e que agora se destaca no horário nobre da TV aberta. “Se ela existisse de verdade, ia ser minha amiga. Gosto de gente divertida”.
Em “Viver a vida”, a personagem de Klara altera esses momentos de garota “enxerida” com lances dramáticos, no qual questiona a mãe sobre a ausência do pai, que nunca conheceu. E é nesse tipo de texto que a atriz-mirim comove até sua colega de gravações.
“A Klarinha é uma graça, um doce, de um profissionalismo impressionante”, elogia Giovanna Antonelli. “Nossa afinidade é tão grande, que nem precisamos ensaiar. Ela é minha cúmplice, minha parceirona”.
Se a mãe ficcional se derrete ao falar da menina, a de verdade nem disfarça a corujice. “Klara é uma criança especial, amiga, educadíssima, detalhista e excessivamente aplicada”, diz a mãe, Karla Castanho.
Nascida em Santo André, região do ABC paulista, mais velha de dois irmãos, única “famosa” na família de contabilistas, Klara é fã de Hannah Montana, Bob Esponja e “Malhação”. Cursa a quarta série do ensino fundamental e diz ser “boa aluna”.
“Minhas matérias preferidas são matemática e português”, conta. “Vou à escola todos os dias, gravo só à tarde. No meu colégio é normal com as outras meninas, acho que já estão acostumadas com atores”, diz Klara, que, esperta, cita os colegas de novela Giovanna e Mateus Solano como seus preferidos.
A fama recente parece ser algo complicado para uma garotinha. “Estava no parquinho e uma menina veio perguntar se eu fazia novela. Depois a mãe dela me beijou. Daí juntou um monte de gente em volta querendo me beijar”, relembra.
Em momentos assim, a mãe intervém. “Explico que fama qualquer um pode ter: boa ou má”, diz Karla. “Sempre digo que na vida ela poderá ser o que quiser, bastar fazer bem”.
A musa infantil do YouTube e o \'minirrepórter\'
Klara Castanho faz parte de uma geração de crianças da TV que não chama atenção apenas pela fofura, mas pela irreverência e rapidez de raciocínio. Esse time foi inaugurado recentemente com a espoleta Maísa Silva Andradre, de 7 anos, a apresentadora do “Sábado animado”, do SBT.
Declarações como “acho que estou bêbada” ou “eu gosto de pobre, eu sou pobre... quer dizer, eu sou classe média” viraram “hits” do YouTube e fizeram a fama da garota. A ponto de surgirem na concorrência “Maísas genéricas” - serelepes e de cabelinhos cacheados.
O que não foi o caso no “minirrepórter” Vinícius Oka, o menino de 11 anos que faz reportagens sobre temas do momento para o programa “Brothers”, aos sábados, na Rede TV!.
De terno e gravata, o guri já entrevistou personalidades como o governador José Serra e o senador Eduardo Suplicy, além de fazer matérias sobre a rotina dos motoboys na cidade e a lei anti-fumo.
“Nenhum assunto é difícil. O pessoal me passa a pauta, eu pesquiso na internet e pergunto o que não entendo para minha professora”, diz Vinícius, nascido na Cidade Patriarca, zona leste paulistana, filho de uma dona-de-casa e de um funcionário do Metrô.
Segundo a mãe, Clotilde Siqueira Oka, o “minirrepórter” faz curso de teatro há quatro anos. “A vontade partiu dele. Na família não tem nenhum artista”, explica. “Ele tem um gosto refinado. Acorda cedo pra assistir ao Telecurso, adora ver documentários com o pai...”, revela, cheia de orgulho.
Fã de bossa nova e “Star Wars”, Vinícius reclama que alguns colegas de escola pegam no pé. “Dizem que sou ‘nerd’, mas nem ligo. Sei que um dia serei chefe de todos eles”.
Ao contrário das expectativas, o garoto surpreende ao dizer que não planeja ser o futuro William Bonner, nem seguir carreira na TV. “Quero estudar para ser chef de cozinha”, conta. “Esse negócio de fama é passageiro. E comer no restaurante todo mundo sempre vai querer”.