Sokol diz que aliança com PMDB pode rifar candidaturas do PT nos Estados

22/11/2009 06:38 - Política
Por Redação

Atual integrante do Diretório Nacional do PT, o candidato a presidente nacional do partido Markus Sokol já disputou o comando nacional da legenda em 2007, quando recebeu 1% dos votos válidos. Um dos críticos à política de alianças do partido para 2010, Sokol é contra a aproximação com o PMDB, o que para ele pode "rifar" as candidaturas do PT nos Estados. Sokol disse que o principal desafio do partido é ter uma direção autônoma. Leia abaixo o que ele pensa sobre alguns dos principais desafios do partido para as eleições presidenciais de 2010.

Folha Online - Você apoia a escolha do PMDB como principal parceiro para a eleição presidencial de 2010?

Markus Sokol - Não. O ministro da Agricultura [Reinhold Stephanes], do PMDB, já é um obstáculo para atualizar o índice de produtividade da terra, promessa do presidente Lula ao MST para deslanchar a reforma agrária. Os trabalhadores dos Correios fizeram duas greves para a direção da empresa, do PMDB, cumprir um acordo assinado no Palácio do Planalto. Então, essa seria uma aliança entre partidos de compromissos opostos. Uma aliança, na verdade, contra o PT, pois em nome dela ainda querem rifar as candidaturas próprias do PT a governador em vários dos principais Estados!

Folha Online - Na sua opinião, quais são os principais desafios que precisarão ser enfrentados pela futura Executiva Nacional do partido?

Sokol - O principal é reciclar-se. Precisamos de uma direção partidária mais autônoma, que ouça a base além do Palácio do Planalto. Uma direção que mobilize não apenas em eleições, a força do partido - os filiados, sindicalistas, lideranças populares e parlamentares - através de campanhas políticas pelas demandas populares, junto às Câmaras, Assembleias e Congresso Nacional, e aos governos municipais, estaduais, e, inclusive, federal. Essa é uma responsabilidade da direção de um partido socialista para aumentar a força e a confiança da classe trabalhadora na longa luta pelo socialismo.

Folha Online - O que o PT precisa fazer para fortalecer e ampliar sua militância?

Sokol - Devolver ao militante o protagonismo, hoje abusado em acordos de cúpula pela imprensa. Nesse sentido, as regras atuais do PED não ajudam: temos cada vez mais filiados, menos debates e participação; e a disputa entre as chapas é cada vez mais desigual materialmente. Propomos uma \'reforma política\' interna, com um fundo exclusivo de financiamento das chapas, e a recuperação do papel dos encontros de delegados eleitos, onde os representados efetivamente controlam o mandato dos representantes, e não apenas escolhem entre as propostas das cúpulas. Junto vem a formação e a nucleação de base.

Folha Online - Como possível presidente do PT, como orientará a campanha presidencial de 2010?

Sokol - A levantar as bandeiras das transformações sociais que estão na história do PT, e buscar alianças, sim, mas para esse fim, por terra, trabalho e soberania nacional.
Os acontecimentos na Venezuela, no Equador e na Bolívia, mostram que é possível avançar, inclusive enfrentar a resistência das elites e os obstáculos institucionais das oligarquias - como o nosso Senado -, através da consulta democrática ao povo em Assembleias Constituintes. É um debate a fazer na campanha da candidata do PT, Dilma.

Folha Online - Como pretende ampliar a parceria entre PT e movimentos sociais?

Sokol - Assumindo as campanhas populares identificadas com nosso programa. Por exemplo, face ao limitado projeto do governo para o pré-sal, propusemos ao último Diretório Nacional - sem sucesso pela falta de apoio das outras correntes - que o PT assuma o projeto da FUP (Federação dos Petroleiros), apoiado pela CUT e movimentos sociais, de restabelecimento do monopólio estatal do petróleo. O objetivo era puxar uma campanha de rua para avançar a proposta do governo com as emendas da FUP. Mas parece que a direção virou porta-voz do governo junto aos movimentos, quando devia ser o contrário.

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