Governo manobra para evitar que Dilma compareça ao Congresso para explicar apagão

18/11/2009 14:40 - Política
Por Redação

Parlamentares governistas deram nesta terça-feira (17) o golpe de mestre para proteger a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) de depoimentos sobre o apagão. A oposição ao governo quer convocar a pré-candidata do PT à Presidência para explicar as causas do blecaute que atingiu 18 Estados do país na terça-feira (10). Hoje a comissão de Assuntos Econômicos votou mais um requerimento conjunto para que Dilma e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, compareçam ao Congresso para falar do apagão.

Parlamentares do governo conseguiram, no entanto, que Dilma e Lobão sejam ouvidos depois de uma extensa lista de técnicos do setor elétrico. Assim, não haveria tempo hábil para as explicações dos ministros ainda este ano, pois em meados de dezembro o Congresso entra em recesso.

As audiências serão realizadas a partir da próxima semana em conjunto com a comissão de Infraestrutura. A convocação dos ministros veio marcada por forte negociação política. O governo tenta evitar que Dilma compareça ao Congresso ainda este ano, contando que se a visita for adiada o assunto vai esfriar.

Para tentar empurrar o depoimento para 2010, o presidente da comissão de Assuntos Econômicos, senador Delcídio Amaral (PT-MS), agendou para a próxima semana abertura das audiências com uma lista de pelo menos oito técnicos, que vai de especialistas vindo de duas universidades, seguidos de diretores de agências de energia elétrica.

- Primeiro vamos fazer audiência com os técnicos para depois fazer uma discussão macro sobre o sistema elétrico brasileiro.

A oposição reagiu à manobra. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) encaminhou outro requerimento sugerindo que Dilma e Lobão deveriam ser ouvidos em sessão separada. Delcídio, integrante do governo, afirmou que o requerimento não poderia ser votado, pois não havia quorum. O senador José Agripino (DEM-RN) acusou o governo de utilizar o recurso de ouvir vários técnicos antes dos ministro como manobra para proteger Dilma e Lobão.

- Nada mais é que uma blindagem política ao problema. Vamos trazer uma multidão, fazer um comício, e não vamos ouvir a posição política dos ministros.

Senadores do DEM e do PSDB ficaram irritados com a manobra. Flexa Ribeiro tentou emplacar requerimento mudando a ordem das audiências, para ouvir Dilma e Lobão primeiro, mas a proposta foi rejeitada. O tucano se exaltou e criticou Delcídio.

- É possível ver que o senhor está constrangido de presidir essa sessão. Ainda bem que seus eleitores estão vendo isso pela televisão. Eu pediria para retirar dos registros do Senado e da biografia de vossa excelência essa sessão.

De acordo com o requerimento conjunto das comissões, engenheiros da UNB (Universidade Federal de Brasília), UFRJ (Universidade Federal do Rio) e USP (Universidade de São Paulo) participariam da primeira fase de audiências, na próxima semana. Em seguida seriam ouvidos responsáveis pela Eletrobrás, Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Itaipu, Furnas e ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

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