Lula diz que é possível salvar acordo do clima em Copenhague

17/11/2009 06:16 - Política
Por Redação

Apesar de Estados Unidos e China, os dois maiores poluidores do mundo, terem afastado a possibilidade de fechar em Copenhague um acordo com metas concretas de redução de CO2, o governo brasileiro está convencido de que ainda há chance para obter um pacto mundial. Mais do que um mero acordo político, como querem os países do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), liderados por Barack Obama e Hu Jintao, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem esconder a irritação, disse ontem que não só irá à cúpula climática na Dinamarca, como vê possibilidade de avanços concretos.

- Eu estou convencido, e vou a Copenhague, nos dias 16 e 17 (de dezembro). Acertei com o presidente Sarkozy (da França), acertei com o primeiro-ministro Gordon Brown (Reino Unido). Eu espero que eles consigam avançar para, no mínimo, assumir alguns princípios básicos para que a gente consiga diminuir os gases de efeito estufa - afirmou Lula, que participou ontem em Roma da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar, organizada pela FAO.

O presidente Lula disse que irá telefonar hoje para Barack Obama e Hu Jintao e discutir propostas contra o aquecimento global:

- Todos terão que apresentar números, inclusive o presidente Obama, o presidente Hu Jintao. Todos os outros - disse Lula. - Se eles não apresentarem hoje, vão apresentar amanhã. Se não apresentarem amanhã, vão apresentar no mês que vem. Se não apresentarem no mês que vem, vão apresentar no ano que vem. Mas o dado concreto é que não têm como escapar!

No sábado, após um encontro com o presidente francês Nicolas Sarkozy, em Paris, Lula já tinha dado um claro sinal de que pressentia a aliança entre EUA e China, quando disse que estava "percebendo a tentativa de criação de um G2 com interesses específicos para resolver o problema político e climático dos dois países, sem se importar com a responsabilidade, com o conjunto da Humanidade". Ontem, ele voltou à carga:

- Estamos percebendo há alguns meses que a China joga a culpa nos EUA, os EUA jogam a culpa na China. E a nossa preocupação é de que, na criação de um G2, um possa utilizar o outro como escudo para justificar a não apresentação de números.

Ele se disse decepcionado, mas não surpreso com o anúncio. Lula se mostrou contrariado ao dizer que, para o Brasil, "essa coisa de não apresentar números já estava clara":

- Por que você pensa que o Brasil tomou a iniciativa de apresentar números? É para a gente poder cobrar daqueles que passam o tempo inteiro querendo dar lições ao Brasil (e dizer) que o Brasil fez a sua parte, e que portanto eles têm de fazer a deles.
Acordo formal ficaria para 2010

A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef também lamentou a decisão de EUA e China e exigiu números concretos dos países desenvolvidos. Dilma esteve ontem em Copenhague para participar de uma reunião ministerial de emergência, convocada justamente para tentar salvar a conferência, e acredita que ainda há espaço para negociação:

- Há ainda chance de a conferencia de Copenhague terminar de uma forma positiva, desde que comece a haver um esforço dos países desenvolvidos, no sentido de colocar na mesa metas concretas e números concretos.

Em São Paulo, o ministro do Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido, Hilary Benn, disse que seu país também não desistiu da possibilidade de haver avanços em Copenhague:

- Não podemos desistir. Temos uma escolha fundamental: ou somos pessimistas, o que seria um grande erro, ou somos otimistas. Esse é o espírito. Não é uma boa tática ir a Copenhague sem esperança.

Para o secretário-geral de Mudanças Climáticas da ONU, Yvo de Boer, o mais provável é que um acordo seja alcançado apenas em 2010.

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