Ex-senador diz que iria atirar em quem tocasse em Collor no dia do seu impeachement

16/11/2009 08:08 - Política
Por Redação
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A Globonews reexibe nesta segunda, às três e meia da tarde, no DOSSIÊ GLOBONEWS, uma entrevista gravada no interior de Pernambuco com o ex-senador Ney Maranhão, membro da chamada “tropa de choque” do presidente Fernando Collor.

Aos 81 anos de idade, Maranhão revela que carregava na cintura uma “arma potente” no momento em que acompanhou Fernando Collor até o helicóptero, instantes depois de o Presidente ter sido notificado de que tinha sido afastado do poder.

Veja abaixo Trechos da entrevista:

GMN: O senhor estava armado quando acompanhou o Presidente Collor pela última vez na saída do Palácio do Planalto ?
NEY MARANHÃO: “Claro. E estava com uma arma muito potente. Pronto para reagir se alguém tocasse no presidente. Ele morria, mas ia gente junto. Primeiro, eu ia. Depois, ele. Descemos a rampa. Quando fizemos a curva, na saída do Palácio, havia uma multidão: um corredor polonês. Nós levamos o presidente até o helicóptero. Naquela hora, se houvesse alguma coisa ali, ia morrer muita gente. Eu – por exemplo – estava preparado para isso. Se houvesse qualquer coisa com o presidente, eu seria o primeiro a reagir ”.

GMN: O senhor temia algum atentado contra o Presidente naquele momento?
NEY MARANHÃO: “Da maneira como o povo foi jogado contra o Presidente -, quando vi aquele corredor polonês tive a impressão de que não chegaríamos até o fim, porque não tinha nenhuma segurança atrás de nós”.

GMN: O senhor seria capaz de fazer o quê, se houvesse um tumulto na saída do presidente Collor ?
NEY MARANHÃO : “Se acontecesse alguma coisa com o Presidente, eu reagiria no ato. E essa reação não seria boa coisa. Não havia nenhuma segurança para ele. Nada que cobrisse o Presidente se a multidão tentasse linchá-lo ou fazer alguma coisa nesse sentido. Não tenho dúvida nenhuma: em defesa do Presidente, eu estava disposto a matar e morrer”

GMN: Que arma era essa ?
NEY MARANHÃO: “Era uma 44. Anaconda”.

GMN: Mas o senhor entrava armado no Palácio do Planalto sem problema ?
NEY MARANHÃO: “Sempre entrava. Primeiro, a gente tem o anjo-da-guarda. O segundo anjo-da-guarda é o 38. Eu estava preparado para tudo. Fui o primeiro senador a apoiar Collor – e morria com ele. Eu sentia que, naquela hora, eu tinha de estar com uma arma mais potente”.

GMN: O senhor diz que anda armado porque aprendeu lições no sertão. Que lições foram essas ?
NEY MARANHÃO: “As lições que meu pai me ensinou: o cabra tem de ter palavra, tem de ser grato, não adular macho e, quando conselho não resolve, cacete funciona. Eu, por exemplo, dei pra gente. Mas levei cinco surras de tabica – uma varinha fina. Quando a vara bate no sujeito, o cabra pode nem estar com vontade de mijar mas se mija todinho. Levei cinco surras de tabica. Aprendi desse jeito. Meu pai era tão corajoso que, em vez de andar com cachorro, andava com uma onça”.

 

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