Em Paris, Lula e Sarkozy cobram reduções significativas de emissões de gases tóxicos

15/11/2009 13:16 - Política
Por Redação

Os líderes da França e do Brasil juntaram forças ontem, sábado para pressionar os Estados Unidos e a China a fazerem concessões significativas no encontro sobre mudanças climáticas no mês que vem em Copenhague. O encontro, que contará com a presença dos dois chefes de Estado, deverá definir novas metas para a redução de gases que provocam o aquecimento global.

Em um documento conjunto, de três páginas, os presidentes Nicolas Sarkozy e Luiz Inácio Lula da Silva se dizem "engajados a trabalhar juntos antes da Conferência do Clima" a fim de conseguir resultados ambiciosos na redução das emissões de gases de efeito estufa em escala global.

- Esse documento assinado por mim e pelo presidente Sarkozy é mais do que uma carta de príncipios. É uma bíblia climática - disse Lula. - É preciso que os Estados Unidos, como maior economia do mundo, sejam os mais ousados. A China, que não tem a mesma responsabilidade dos países desenvolvidos, mas cresce de forma extraordinária, tem que ter um pouco mais ousadia em suas propostas - disse o presidente Lula em uma coletiva no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.

A proposta de Sarkozy e Lula prevê que os países industrializados reduzam as emissões de gases causadores do efeito estufa em pelo menos 80% até 2050 ante os níveis da década de 1990. Aos emergentes, os líderes francês e brasileiro pedem que busquem formas de crescimento com baixa emissão de carbono, com ajuda financeira dos países ricos, e que tomem medidas para reduzir o ritmo no qual crescem as suas emissões.

- Não aceitaremos um acordo em que outros países dirão que isso ficará para depois. É uma responsabilidade coletiva - afirmou Sarkozy. - Não tenho dúvidas de que nossos amigos americanos e chineses aceitarão suas responsabilidades.

Os dois presidentes tentarão angariar mais apoio para a iniciativa antes do encontro de Copenhague - que será realizado no fim de dezembro. Eles pretendem "convencer" a África e uma parte da Ásia a se alinharem em torno da proposta franco-brasileira.

- Vamos dar a volta ao mundo para convencer outros países - disse o presidente francês.

Os maiores responsáveis pelas emissões também estão na lista de Lula e Sarkozy. O brasileiro disse que deve ligar para o presidente americano, Barack Obama, na próxima segunda-feira para discutir o assunto.

- Não temos o direito de permitir que o presidente Obama e Hu Jintao façam acordo com base apenas nas duas realidades políticas e econômicas de seus países - declarou Lula. - No fundo, estamos percebendo a tentativa de criação de um G2 com interesses específicos para resolver os problemas políticos e climáticos dos dois países sem se importar com a responsabilidade que temos de ter com o conjunto da humanidade - disse Lula.

Antes do encontro em Paris, o Brasil comprometeu-se a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa entre 36,1 e 38,9%, principalmente através do controle do desmatamento da região amazônica. A medida foi elogiada por Sarkozy.

- O Brasil é o primeiro país emergente que assume compromissos dessa natureza - afirmou Sarkozy.

O encontro entre Lula e Sarkozy durou cerca de uma hora, seguido por uma coletiva. No total, o líder brasileiro permaneceu apenas três horas na França.

Lula embarcou no final desta tarde para Roma, onde participa, na próxima segunda-feira, da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar da FAO, Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.
 

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