Que brasileiro adora uma comédia, principalmente de costumes, é fato conhecido. Mas há algo de novo na relação entre público (e mercado, claro) e o gênero que sempre traz uns trocados a mais na bilheteria: parece que o namoro virou casamento, vide a performance do humor no cinema (E se eu fosse você 1, 2), no teatro (nunca houve tanto espaço para o gênero, principalmente por conta do fenômeno stand up comedy) e, claro, na TV (vide programas Pânico, na Record, e o CQC, na Band, além do novo Norma, na Globo). Sem falar, claro, nos fenômenos made in internet, como o grupo Os Melhores do Mundo, que lotam teatros por onde passam.

A atriz Heloísa Périssé (ela atualmente vive uma faxineira em Cama de gato) é, sem dúvida, uma das responsáveis por essa realidade, exercendo sua verve humorística desde o início dos anos 90, quando participava da Escolinha do professor Raimundo. Para ela, inclusive, a qualidade (muitas vezes questionada) das produções conseguiu avançar alguns bons degraus nestes últimos anos. A atriz apresenta neste sábado, às 21h, no Teatro da UFPE, o espetáculo Advocacia segundo os irmãos Marx.

“Hoje temos uma geração de excelentes comediantes, vários espetáculos fizeram história no teatro: Cócegas, Terça insana, Cada um com seus pobremas, Minha mãe é uma peça, Zenas Imporvisadas. Todos lotam os teatros por onde passam, principalmente por causa da qualidade do humor que apresentam”, diz ela, que inicia o exemplo com sua primeira produção para o teatro (Cócegas, na qual dividia o palco com Ingrid Guimarães).

Heloísa também crê que o gênero vem dividindo o respeito da crítica acostumada a dar mais estrelinhas apenas ao teatro experimental ou mesmo o teatrão de palco italiano. “Hoje em dia os críticos já conseguem distinguir uma boa comédia. Claro que o teatro experimental e o teatrão ainda têm um poder maior com a crítica, até mesmo pelo tipo de questão que é debatido, mas acho que o humor também conseguiu um grande espaço.”

Em Advocacia segundo os irmãos Marx, a atriz interpreta a doutora Yasmim Robalo, uma advogada “totalmente louca, sem nenhuma noção de ética”, como resume a própria atriz. Ela é acompanhada no palco por um time de conhecidos comediantes (principalmente no eixo Rio-SP): Wilson Santos, Robson Nunes, Alex Moreno, Flavio Baiocchi e Alexandre Pinheiro, que dividem-se entre 32 personagens. A peça é dirigida por João Fonseca. Atenção: a sessão do domingo foi cancelada – o feriadão falou mais alto e mostrou que, mais do que humor, brasileiro gosta mesmo é de praia.