Esta agendado para esta quinta-feira (08), o julgamento do ex-sargento Raimundo Edson da Silva Medeiros, acusado de um assassinato registrado no ano de 1995. De acordo com informações, Medeiros, assassinou um jovem suspeito de ter agredido seu irmão. O crime foi registrado no Conjunto Medeiros Netos, no bairro de Santa Amélia, em Maceió.

O julgamento do ex-militar vai acontecer no Edifício Blue Tower, onde funciona provisoriamente o Fórum de Maceió, no bairro do Barro Duro e será presidido pelo juiz José Braga Neto da 17ª Vara Criminal da Capital. O promotor será Alfredo Gaspar de Mendonça.

Medeiros chegou a ser preso e levado para sede da Polícia Federal, no bairro de Jaraguá, em Maceió, de onde fugiu no na de 2006 junto com outros dois presos, sendo recapturado dois anos após na casa de uma irmã, no Condomínio Monte Belo, localizado por trás do Condomínio Aldebaram, no bairro da Serraria, em Maceió.

Ele foi encontrado por agentes da Polícia Federal escondido em um fundo falso de um armário. Após sua recaptura ele foi transferido para o presídio federal de Campo Grande, após solicitação dos magistrados integrantes da 17º Vara Criminal da Capital.

Medeiros tinha como advogada Mary Any Vieira, atualmente presa acusada de formação de quadrilha e de corrupção de servidores públicos, além de manter ligações com o tráfico de drogas em Maceió.

Crimes

O ex-militar é acusado de participar de cerca de 30 assassinatos, entre eles o do promotor de Justiça da cidade de Água Preta, interior de Pernambuco, Rossini Couto crime registrado naquele estado e que contou com a participação do ex-PM José Ivan Marques de Assis, condenado a 24 anos de prisão e de Sivonaldo Leobino da Silva, condenado a 20 anos de prisão.

Medeiros também é suspeito de ter participação indireta na execução do assessor parlamentar Cícero Sales Belém em novembro de 2005 em um dos trechos da Avenida Durval de Goes Monteiro em Maceió, após a vitima deixar a residência do deputado Fernando Tenório no Condomínio Aldebaran.

Junto com Cícero, que era acusado de vários assassinatos em Alagoas, também foi morto o estudante José Alfredo Tenório Filho. Com as investigações a polícia concluiu que os matadores foram José Antônio Alves da Silva, José Cícero Moraes Costa Cavalcante e Agilberto Júnior dos Santos, o Júnior Tenório - também conhecido por "Junior Cicatriz", responde o processo em separado e está preso em um presídio federal, fora de Alagoas, por outros crimes.

De acordo com as investigações, a execução de Cícero Belém teria sido tramada para encobrir uma organização criminosa que estava sendo investigada pela Polícia Federal e que seria comandada pelo então deputado estadual Francisco Tenório, que é delegado da Polícia Civil, mas desde que entrou na política não exerce mais o cargo. Tenório também foi indiciado pela Polícia Federal na Operação Taturana, acusado de participação no desvio de cerca de R$ 300 milhões da Assembléia Legislativa de Alagoas - ALE.

Até agora a polícia não conseguiu provas que confirmem a participação de Medeiros na morte de Belém e do amigo dele.

O ex-militar Medeiros também é investigado por sua possível participação na execução do policial civil Alfredo de Souza Pontes, o "Alfredinho" morto no bairro do Poço, em Maceió no dia 27 de fevereiro do ano passado, além do crime que vitimou o motorista Carlos André Fernandes que segundo as investigações era amante da primeira-dama, à época, Fátima Pedrosa, mulher do ex-prefeito Adalberon de Moraes. O motorista foi assassinado no Posto de Combustíveis São Paulo, às margens da BR-316, naquele município.

O crime teria sido planejado por Adalberon de Moraes e intermediado pelo ex-deputado estadual então secretário municipal de Satuba, médico Délio Almeida. De acordo com a polícia, o sargento Medeiros sempre atuou conjuntamente com o ex-assessor parlamentar Luiz Henrique de Oliveira que no dia 14 de julho de 2007, em depoimento no Fórum de Satuba, teria isentado Medeiros da culpa pela morte de Carlos André e assumido o crime, revelando que para tal teve o auxílio de Cícero Belém.

Por conta das revelações, Henrique foi beneficiado com a delação premiada, benefício dado ao criminoso que aceite colaborar na investigação ou entrega de seus companheiros para possível redução de pena.