A inovação tecnológica, seja no mercado de trabalho ou no cotidiano, tem feito com que as pessoas não consigam viver sem celulares, agendas eletrônicas, i-pod, palmtop e notbooks – cada vez menores, compactos e com diversas funções reunidas. Tanto para adquirir informações quanto para fugir da própria realidade, essa relação de dependência com os produtos eletrônicos já é vista como um sintoma da modernidade compulsiva das sociedades. Se privados desses aparatos, os usuários se sentem isolados do mundo e incomodados.
Empresas já não funcionam sem esses aparelhos e as relações humanas têm se limitado a e-mais e mensagens sms, o que pode retardar o desenvolvimento pessoal, uma vez que as pessoas querem sempre se adequar ás inovações, comprando os produtos da “moda”. Além disso, surgem indivíduos que os especialistas dizem possuir ‘múltipla função tecnológica e entretenimento’, por trabalharem, estudarem e conversarem com fones de ouvido ligados e utilizarem o celular com câmera e vídeo digital para registrar todos os momentos, para serem divulgados em blogs pessoais e sites de relacionamento.
O professor de psicologia da Universidade Federal Alagoas (Ufal), Jorge Artur Peçanha explicou que a produção de tecnologia tem gerado a demanda de consumo, o que faz as pessoas não pararem de comprar novos utensílios eletrônicos, não por necessidade, mas para atender à essa demanda, que contribui para o consumo não sustentável.
“Cabe destacar que a dependência tecnológica tem gerado problemas que vão além da saúde física e mental de pessoas, implicando em riscos para a sobrevivência da espécie humana. Os últimos dois séculos assinalaram o primeiro período da história em que, na raiz dos problemas humanos, não se encontram a escassez e a miséria, pois as atuais dificuldades são oriundas de novas modalidades desses males, em conseqüência do excesso de poderio e apropriação tecnológica e científica”, destacou o professor.
Ele ressaltou ainda, que o século XXI tem sido marcado pela crise ambiental global, o que levou experiências como prazer e sofrimento a assumiram o papel de determinantes comportamentais, a exemplo das conseqüências práticas das “emoções”. “Isso contribui em particular, no aparecimento de um novo mercado alimentar, que procura responder às necessidades de milhões de novos convertidos às dietas vegetarianas”.
“Faz-se necessário o início de uma transição para a conduta sustentável, modificando, de fato, o padrão vigente de exploração da natureza, os modelos de produção industrial e agrícola. Infelizmente, o tamanho do problema ambiental de longe se equipara à quantidade de pesquisas, ações e políticas públicas verdadeiramente aplicáveis e eficazes, bem como o urgente estilo de vida baseado no consumo do absolutamente necessário”, explicou Peçanha.
A jornalista e Relações Públicas, Lilia Ferreira, que trabalha como coordenadora de Análise de Informação, afirmou não ser possível viver sem essas inovações tecnológicas, já que ela também utiliza o computador e o celular para realizar atividades do trabalho.
“Sou suspeita para falar, pois trabalho com sistemas em nuvem, ou seja, elaborando sistemas de comunicação, onde é necessário apenas ter um computador e internet para poder trabalhar. Posso fazer isso em qualquer lugar e a qualquer hora. A empresa é totalmente tecnológica e os eletrônicos fazem parte da minha vida sim, mesmo fora do horário do expediente. Passo o dia conectada e quando chego em casa vou direto pra net. É um vício”, confessou Lilia.










