O julgamento do crime da motosserra, que deve terminar hoje, começou na manhã desta quarta-feira com troca de acusações entre a defesa de Hildebrando Pascoal, acusado de matar um homem após esquartejá-lo com uma motosserra, e o promotor Álvaro Pereira, que faz a acusação por parte do Ministério Público Estadual.

O juiz do Tribunal do Júri, Leandro Gross, chegou a suspender a sessão por alguns minutos, como já tinha feito ontem, para conversar com o advogado de Hildebrando, Sanderson Moura.

Após a discussão entre defesa e Ministério Público, a Polícia Federal e a Polícia Militar aumentaram a segurança dentro do Tribunal do Júri.

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Cerca de 120 pessoas, entre familiares dos três réus e população, acompanham o julgamento.

Para tentar convencer os sete jurados de que o ex-coronel da Polícia Militar do Acre e deputado federal cassado é o autor da morte de Agílson Santos, a vítima da motosserra que morreu em junho de 1996, os promotores armaram um telão no centro do júri, onde vão exibir vídeos e fotos das vítimas do esquadrão da morte liderado por Hildebrando Pascoal.

"No Acre vigorava a lei do talião. Ele [Hildebrando] era polícia, juiz, promotor de Justiça e carrasco", acusou o promotor Álvaro Pereira.

Outras duas pessoas também respondem pelo crime, incluindo um ex-policial da PM do Acre.

A estimativa do juiz Leandro Gross é que o julgamento, que começou na manhã desta segunda-feira, termine no final da noite de hoje ou amanhã de madrugada.

Ontem, após mais de oito horas de interrogatório, Hildebrando Pascoal, que negou ter matado Agílson Santos, disse que o responsável pelo crime foi Alípio Ferreira, ex-vereador de Rio Branco e ex-policial acusado de integrar o esquadrão da morte liderado pelo ex-deputado. Também denunciado pelo crime da motosserra, Alípio já morreu.

Foi a primeira vez que Hildebrando apresentou essa versão da morte de Agílson Santos. Segundo ele, Alípio matou a vítima por ser amigo do irmão de Hildebrando, que foi assassinado pelo patrão da vítima da motosserra.

"Eu queria o Baiano vivo, não morto", disse o ex-coronel da PM. "Mas não seria desonra nenhuma ter matado ele, já que ele assassinou meu irmão."

Segundo contou Hildebrando, Alípio cortou as pernas e os braços de Agílson com um facão, e não com uma motosserra, para pegar as algemas. Segundo o Ministério Público do Acre, elas foram usadas para imobilizá-lo durante a sessão de tortura.

Exumação feita posteriormente pelo Instituto Médico Legal do Distrito Federal, contudo, confirmou que a vítima teve os braços e as pernas cortadas com uma motosserra.