Alexandre Pato ganhou um tempo para encontrar o foco no Milan. O técnico da seleção brasileira, Dunga, o deixou de fora da lista dos convocados para o amistoso contra a Estônia, no dia 12 deste mês, em Tallin. E chamou Diego Tardelli, do Atlético Mineiro, um dos artilheiros do Campeonato Brasileiro, com cinco gols. O atacante já marcou 32 gols em 37 jogos na temporada.
Mas as portas para Pato estão abertas. Ele recebeu elogios de Dunga que, em conversa com o Blog do Boleiro, lembrou que não é fácil ser tratado como estrela aos 17 anos e que o jogador do Milan precisa melhorar junto com seu time.
Para o amistoso contra a Estônia, o técnico do time do Brasil pretende observar mais o volante Kléberson (Flamengo) e o zagueiro Miranda (São Paulo). Ele lembra que a seleção brasileira está aberta e que até a Copa do Mundo de 2010, os jogadores vão ter chance de jogar.
Blog do Boleiro – Chamar o Tardelli é uma mostra de que o ataque tem vaga ainda?
Dunga – A gente precisa dar uma mexida lá na frente.
O Alexandre Pato não foi bem na Copa das Confederações.
É normal ele ter estes altos e baixos. Ele vai precisar se
firmar mais. Sabe o que acontece? O garoto fez dois jogos e vocês da
imprensa já saíram dizendo que ele era melhor que o Pelé. Mas o Pelé
jogou mil jogos, fez mais de mil gols, não dá para comparar. É difícil
para ele.
Na Copa das Confederações ele mostrou timidez ou estava no terceiro andar?
Um pouco de cada coisa. O guri é bacana. Agora, ele não tem
experiência. O mundo caiu no colo dele em quatro meses e agora ele
precisa focar no jogo. Ele é um ótimo garoto para se trabalhar. Vai
encontrar seu lugar. E tem também a situação do Milan, que não é das
melhores. Isso contribui. Mas, repito, ele é um bom guri, tranqüilo.
Mas o Pato não é o primeiro jovem brasileiro a sair para a Europa com status de estrela.
Não, é verdade. Tem uma geração de jogadores que foram para
fora sem terem apanhado da vida antes. Aí vão para lá, não são
titulares, ficam irritados porque o brasileiro gosta de jogar, só se
diverte jogando. Mas é bom para eles porque eles vão ter que reagir.
Esta experiência vai deixá-los maduros mais rapidamente.
O Diego Tardelli, quando apareceu no São Paulo, também
ganhou status de estrela rapidamente. Depois, teve problemas para se
firmar.
Mas ele já vinha bem desde o ano passado. Tu vê como é. Ele
apareceu, as portas vão fechando, o cara cresce, forma família e as
coisas mudam. Depende somente da pessoa. O Tardelli hoje é outro
jogador. Ele agora tem experiência, um passado e tem responsabilidade.
A chance está sendo dada. Ele tem que chegar e aproveitar.
Você chamou vários reservas da Copa das Confederações. Eles vão jogar contra a Estônia?
Vou usar todo mundo, lógico, dependendo do jogo. Chamei o
Kléberson porque ele jogou pouco na África do Sul. O Miranda também
precisa jogar mais tempo. O Marcelo voltou para a gente ver como se
sai. Estou botando todo mundo para jogar.
E como você vai ver o Elano (Galatasaray) e o André Santos (Fenerbahce) jogando na Turquia? Ficou longe agora.
Nada rapaz. Já tem vôo direto de São Paulo para a Turquia. Mas
a gente precisa saber como estão fisicamente, como estão os times
deles. Porque esses jogadores, a gente conhece. Vou olhar o Kaká para
quê? Para saber se ele está jogando bem? Ele pode até não estar num bom
momento, mas tu já sabe o que ele pode fazer. Nossa preocupação é saber
quem está bem ou não fisicamente.
O Kleber ficou de fora da lista para este amistoso. Está queimado?
Não. Ele vai ter oportunidade. Como falei, estamos botando todo mundo para jogar.
E o André Santos agradou na Copa das Confederações?
Ele pode jogar mais, jogar o que jogava no Corinthians. Mas
também não dá para querer que o cara entre e arrebente. Ele não treinou
e jogou. Desde o primeiro dia dele, a gente conversou com ele. Era o
que dava. Depois tem que ter mais treino, repetição. Lá foi porrada o
tempo todo. Mas o André foi bem tranquilo.