O empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), divulgou nota nesta segunda-feira na qual afirma que recorreu à Justiça para impedir que o jornal "O Estado de S. Paulo" divulgue gravações da Polícia Federal que envolvem o seu nome para preservar a sua intimidade como cidadão. O empresário negou, na nota, que o seu objetivo seja censurar o jornal, mas se disse vítima de "violência" e "injustiça".

"Como empresário da área de Comunicação, com atuação permanente no setor há quase 30 anos, sempre defendi a liberdade de imprensa e a livre manifestação de opinião, e jamais promoveria ou apoiaria qualquer iniciativa que pudesse ser interpretada como censura", disse.

Fernando Sarney afirma, porém, que a decisão de proibir a divulgação das gravações "simplesmente exige o respeito a garantias constitucionais inerentes a todo cidadão: intimidade, privacidade, honra e imagem". Na opinião do empresário, a imprensa divulgou no episódio "ilicitamente informações sob sigilo expressamente imposto" pelo Poder Judiciário.

"Ao recorrer à Justiça contra o que considero uma injustiça e uma violência contra mim e a minha família, apenas defendi direitos que me são assegurados pela Constituição. Considerar o uso de um direito legítimo como uma maneira de impor censura à imprensa não passa de tentativa de distorcer os fatos", afirma o empresário na nota.

Censura

Na semana passada, o desembargador Dácio Vieira, do TJ-DF (Tribunal de Justiça) do Distrito Federal, acatou o pedido de Fernando Sarney e impediu a publicação de reportagens que contenham informações resultantes da Operação Boi Barrica pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

A investigação da PF envolve o empresário e corre sob segredo de Justiça. Se não respeitar a decisão --que não foi divulgada por também ser sigilosa--, o jornal será punido com multa de R$ 150 mil por cada reportagem publicada.

O inquérito que resultou na operação foi instaurado em fevereiro de 2007, a partir de uma comunicação feita pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que detectou movimentações atípicas no valor de R$ 3,5 milhões realizadas por Fernando e empresas da família, às vésperas da eleição de 2006. A suspeita era de caixa dois na campanha de Roseana ao governo, o que os filhos de Sarney negam.