No ano passado, o Brasil superou a Holanda e a Rússia e subiu para a 13ª posição em ranking internacional da produção científica, que compara o número de trabalhos publicados pelos pesquisadores de cada país em revistas e jornais especializados. O resultado é fruto de um crescimento de 56% no número de teses e estudos elaborados entre 2007 e 2008 e foi anunciado, com visível entusiasmo, pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, no início deste mês.

Em 2008, o número de artigos científicos publicados no Brasil foi de 30.451, em comparação com os 19.436 publicados em 2007. Estados Unidos, China, Alemanha, Japão e Inglaterra são os cinco primeiros colocados no ranking, seguidos de França, Canadá, Itália, Espanha, Índia, Austrália e Coreia do Sul (confira nesta página).

– O indicador mostra o esforço nacional e o vigor das universidades federais – celebrou Haddad, para quem, mantido esse ritmo, o Brasil poderá figurar em pouco tempo entre os dez maiores produtores de conhecimento científico. Incentivar a atuação dos pesquisadores é atribuição do MEC, por meio de sua Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que no ano passado investiu mais de R$ 856 milhões em bolsas de estudo dentro e fora do país.

O crescimento dos investimentos da Capes é uma das principais causas da evolução. De 2004 para cá, o volume de dinheiro aplicado no financiamento de pesquisadores subiu 76%. Entre 1996 e 2007, o número de mestres e doutores no Brasil passou de 13,5 mil para 40,6 mil e a concessão de bolsas pela Capes aumentou de 19 mil para 41 mil no mesmo período. Da mesma forma, subiram o orçamento destinado às universidades federais e o número de professores com doutorado – mais de 10 mil foram selecionados por concurso público no ano passado. O MEC espera que, até o próximo ano, 17 mil novos doutores estejam dando aulas nas universidades federais.

Longo caminho para melhorar a qualidade

Entre os 180 países do ranking, nenhum registrou um crescimento da produção científica que se aproximasse do índice brasileiro. Para professores e pesquisadores, o feito é notável, mas ainda há muito a melhorar em outros quesitos, como a qualidade. O Brasil continua abaixo da média mundial em número de citações que um estudo gera após ser publicado, índice importante para demonstrar a relevância do trabalho. Outro entrave apontado são as amarras burocráticas a que estão submetidas as universidades federais. Nesse quesito, o Congresso tem um papel importante. Afinal, governo e cientistas concordam em um ponto: o incentivo à pesquisa é essencial ao desenvolvimento econômico e social. Tanto é verdade que o presidente Barack Obama pretende cumprir sua promessa de campanha de dobrar os recursos do governo norte-americano para pesquisa e produção