A empresa Sadia se manifestou hoje em contato telefônico com o Portal Cadaminuto sobre o caso de suspeitas de botulismo por provável intoxicação alimentar que envolveu cinco crianças na cidade de Coruripe, levando uma delas (Ingrid Mariana dos Santos, de 8 anos) a morte.

O Coordenador de comunicação da empresa, Christian Kaminski, explicou que um dos dois produtos suspeitos de terem causado o Botulismo, a mortadela, foi produzido pela Sadia, mas que ele antes de ser distribuído passa por rigorosos testes e análises e só é vendido após o aval do Ministério da Agricultura.

“Como praxe a mortadela está sob análise no Laboratório Adolf Lutz, em São Paulo, no Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, e ainda dentro do procedimento padrão nós  estamos monitorando e investigando todo o lote da qual faz parte o produto”, explicou ele.

Christian lembrou ainda que nunca na história da empresa houve qualquer fato de intoxicação alimentar envolvendo a mortadela e que antes da análise do laboratório, a empresa não pode se manifestar sobre se foi a mortadela, a sardinha ou outra coisa que não sejam os alimentos que tenham causado a intoxicação nas crianças.

Estado de saúde dos menores

Em contato com a direção do Hospital Geral do Estado (HGE), o Cadaminuto teve acesso ao último relatório sobre o estado dos quatro menores que continuam internados desde o último sábado quando foram transferidos do Hospital Regional Francisco Carvalho em Coruripe.

De acordo com o HGE, João Vitor dos Santos (17 anos) foi transferido da área vermelha ( onde ficam as pessoas em situação de risco de morte) para a área amarela (De observação).

Já os outros três, Luis Fernando da Silva, 12 anos, Marcelo dos Santos Silva, 14 anos e Maria Vitória de 8 anos, continuam entubados na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica em situação grave e ainda correm risco de morte.

Lacen

A direção do Laboratório Central de Alagoas (Lacen/AL), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), ainda não dispõe de um diagnóstico que comprove ter sido o botulismo a causa da morte da criança de seis anos e das internações de quatro adolescentes no Hospital Geral do Estado (HGE).

As análises das amostras dos produtos e do material biológico só poderão ocorrer após a conclusão do inquérito epidemiológico que está sendo agilizado pelo órgão.

O Lacen já adotou todas as medidas necessárias a fim de acondicionar, corretamente, as amostras dos produtos consumidos e do material biológico que foram colhidas pelos técnicos da Vigilância Sanitária no último sábado, quando se registrou a morte e as internações

Vigilância Sanitária

A superintendente de Vigilância à Saúde da Sesau, Sandra Canuto, buscou tranquilizar a população dizendo que não há motivo para pânico, já que todas as medidas epidemiológicas foram adotadas.

“As pessoas não precisam ficar temerosas, mas estes casos servem de alerta para que possamos atentar na hora de consumirmos enlatados e embutidos, que são focos de proliferação da bactéria que desenvolve o botulismo”, explicou Sandra Canuto.

Botulismo

É uma forma de intoxicação alimentar, causada por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, presente no solo e em alimentos contaminados e mal conservados. A intoxicação se caracteriza por um comprometimento severo do sistema nervoso e, se não tratada a tempo, mata.

Bactéria Clostridium botulinum
Bactéria Clostridium botulinum

Os enlatados ou embalados a vácuo são os mais vulneráveis ao Clostridium botulinum, pois a bactéria só se desenvolve em ambientes sem oxigênio.

Sintomas

Os sintomas da intoxicação pela toxina botulínica normalmente aparecem entre doze e trinta horas depois da ingestão do alimento contaminado. Alguns deles: aversão à luz; visão dupla com dilatação da pupila; disfonia, dificuldade para articular palavras; vômitos e secura na boca e garganta; disfagia, dificuldade para engolir; paralisia respiratória que pode levar à morte; constipação intestinal; retenção de urina; debilidade motora

Tratamento

Consiste na manutenção das funções vitais e uso de soro antibotulínico. O soro impede que a toxina circulante no sangue se instale no sistema nervoso.

A recuperação da doença é lenta, pois a toxina já instalada entre as células nervosas é destruída pelo sistema de defesa do corpo. Não há remédios ou soro que eliminem a toxina.