Tenso, Bruninho mal conseguiu ver quando o Rio de Janeiro de seu pai e de sua namorada conquistou o título nacional feminino, no sábado. Deixou as arquibancadas e se escondeu. Neste domingo, era a sua vez no mesmo Maracanãzinho. Nervosismo, agora, seria um luxo que ele não podia ter. Se ainda havia, foi espantado no grito, com jogadas de mestre. E o mestre de 22 anos levantou o Florianópolis rumo ao tricampeonato da Superliga. O time catarinense derrotou o Minas dos também campeões olímpicos André Heller e André Nascimento por 3 sets a 0, com parciais de 29/27, 25/16 e 25/18, e ergueu a taça, a segunda consecutiva.
- Fizemos uma tática de jogo muito boa. Só á gente sabe o quanto a gente sofre, a pressão por ter conseguido tantos títulos. Quero homenagear todas as pessoas que sofreram com a tragédia em Santa Catarina no ano passado - disse o carioca, referindo-se aos temporais que atingiram o estado.
Dono da melhor campanha, o Florianópolis chegou à decisão
preparado, mas favoritismo não fazia parte do vocabulário. Do
outro lado da quadra, dois campeões olímpicos: André Heller e
André Nascimento.
E foi o Minas que saiu na frente. Quando abriu 4 a
0, Marcos Pacheco pediu tempo. Nada adiantou. O Florianópolis só
marcou o primeiro ponto (5 a 1) quando Bruninho insistiu em
Lucão. E foi com ele que o time conseguiu abrir dois pontos pela
primeira vez (15 a 13). A diferença chegou a 18 a 15 com Eder,
mas ele errou o saque. O Minas, com Ezinho e André Heller, não
se deixou abalar.
Mauro Grasso trocou André Nascimento, que recentemente fez uma
artroscopia no joelho esquerdo e sentiu a falta de ritmo, pelo
jovem Wanderson. Mas o jogador de 20 anos, convocado por
Bernardinho para a Liga Mundial, não começou bem. Um ataque dele
para fora deixou o Florianópolis perto da vitória (22 a 19). No
banco, Mauro pediu:
- Vamos recuperar esses pontinhos.
Ordem dada, ordem cumprida. Thiago Alves pôs a bola no chão (23 a 21), mas Ezinho explorou o bloqueio triplo, e o Minas chegou ao empate após uma invasão dos rivais. Wanderson, porém, novamente errou. Desta vez no saque, e o Florianópolis enfim chegou ao primeiro dos quatro set points que viria a ter. Após um longo rali, Maurício levou o Minas ao set point. Thiago Alves salvou. Théo levou de volta a vantagem para o Florianópolis, que fechou após uma bola para fora de Maurício.
A apatia tomou conta do Minas no início do segundo set: 13 a 7. A
pane, em 16 a 9, fez Mauro Grasso perder a paciência.
- Olhem para mim. Quero sorrisos, quero vocês
jogando vôlei - esbravejava.
Bruninho voltou a insistir com Thiago Alves. O Minas esbarrava em
erros bobos. Como quando André Heller tocou o cotovelo na rede
após um bloqueio (19 a 10). Bruninho ajoelhou na quadra e
extravasou. Pouco depois, o levantador sentiu que estava sem
bloqueio e fez 21 a 13 numa bola de segunda. Daí para o fim do
set foi uma questão de tempo. Pouco tempo: 25 a 16.
A experiência do Minas parecia que iria se fazer sentir. Mas foi só uma impressão. Depois de pressionar no início do terceiro set, deixou o Florianópolis voltar ao ritmo e abrir 10 a 5. Após os erros, Wanderson, agora, fazia a diferença. E assim o Minas voltou a esboçar uma reação (18 a 15). Durou pouco. Com Theo, o Florianópolis chegou ao match point. Ele foi para o saque e fechou com um ace.
Bernardinho, até então quieto, enfim comemorou a vitória de seu filho, a segunda da família Rezende na temporada. A terceira virá em breve. Fernanda Venturini está grávida de nove semanas. Será a segunda filha do casal. O nome do bebê? Vitória.